Climatologia das massas de ar formadas sobre o mar de Weddell–Antártica, entre 1949 e 2008

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A Antártica possui papel importante no controle da circulação atmosférica no Hemisfério Sul. Em particular, destacam-se as massas de ar formadas sobre mar de Weddell (MW) que afetam significativamente o tempo no sudeste da América do Sul. O objetivo deste trabalho foi caracterizar as massas de ar formadas sobre o MW a partir de suas propriedades termodinâmicas, na escala sazonal (verão e inverno), entre 1949 e 2008, bem como analisar a influência do Modo Anular Sul (SAM) e a extensão do gelo marinho sobre a variabilidade das características dessas massas de ar. Utilizou-se as reanálises do NCEP/NCAR de umidade relativa (UR) e temperatura média (TM) do ar para os níveis superfície, 850, 700 e 500 hPa (1949–2008); dados de extensão de gelo marinho do NSIDC (dez/1978 a dez/2007); e o Índice SAM do Byrd Polar Research Center (1957–2008). A metodologia empregada neste estudo inclui a classificação de massas de ar, bem como as análises estatísticas de correlação e regressão linear. Os maiores gradientes horizontais de TM são observados no inverno, destacando-se a TM em superfície, que varia entre -42°C (na plataforma Ronne) e -2°C, no norte da Península Antártica (PA). Isto provavelmente ocorre porque esta estação do ano é a mais ativa na formação de ciclones extratropicais. Os maiores valores de TM são localizados no setor norte da PA, tanto no verão como no inverno, e em todos os níveis atmosféricos. Já, as menores médias foram encontradas sobre as plataformas de gelo Ronne e Filchner, no sul do MW. Além disso, verificou-se que, no verão, a variação sazonal de UR acompanha a TM, e que com o aumento da altitude, a TM e UR diminuem. Tanto no verão quanto no inverno, as massas de ar foram classificadas como pouco homogêneas, sendo mais heterogêneas no inverno que no verão. Existe menor variação em altitude nas propriedades das massas de ar no inverno (de -24,4°C, em superfície, a -37,6°C em 500 hPa; de 65,3% de UR, em superfície, a 41,1% em 500 hPa) devido a camada de inversão térmica na baixa troposfera. Em contraste, o verão apresenta uma variação maior (de -2,4°C, em superfície, a -31,0°C em 500 hPa; de 90,8% de UR, em superfície, a 51,7% em 500 hPa). No verão, entre o SAM e a TM, todas as correlações foram negativas no setor sudeste nos níveis superfície até 700 hPa. Em superfície e em 500 hPa, a correlação foi positiva no norte da PA. Entre 1949 e 2008, as massas de ar apresentaram tendência de aquecimento da superfície até 500 hPa, no verão e inverno, com exceção do verão em superfície (sem significância estatística). Destaca-se o aumento de +0,67°C década-1 em superfície, no inverno, para os últimos 60 anos. Esse aumento é condizente com a intensificação das concentrações dos gases de efeito estufa e das mudanças nos padrões de circulação atmosférica, já observadas por estudos anteriores.

ASSUNTO(S)

weddell, mar de (antártica) climatologia massas de ar

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