Cirurgia bariátrica no âmbito do Sistema único de Saúde : tendências, custos e complicações
AUTOR(ES)
Isabella Vasconcellos de Oliveira
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
A obesidade é uma doença crônica de difícil tratamento e um importante problema de saúde pública, afetando atualmente mais de 300 milhões de pessoas. Sua prevalência aumentada é o resultado da combinação da disponibilidade de uma dieta com altos teores energéticos com o estilo de vida sedentário. Atualmente, a obesidade não é mais um problema exclusivo dos chamados países desenvolvidos; ao contrário, afeta porções crescentes dos estratos de população menos privilegiados. A OMS preconiza o Índice de Massa Corporal (IMC) para classificação da obesidade. A obesidade grau III ou mórbida, definida pelo IMC maior ou igual a 40 kg/m2 está relacionada com mortalidade aumentada e ocorrência de diversas co-morbidades como: hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, apnéia do sono, doenças cardiovasculares, artropatias, colecistopatias e câncer. Devido à necessidade de uma intervenção mais eficaz no manejo de obesos graves, a indicação da cirurgia bariátrica vem crescendo nos dias atuais. O objetivo deste estudo foi analisar a prevalência da obesidade mórbida no Brasil, bem como as tendências, custos, complicações e mortalidade relacionadas à cirurgia de obesidade mórbida no sistema público de saúde. Quanto à metodologia, o estudo contemplou uma nova análise de bancos de dados de pesquisas nacionais do IBGE levando em conta o desenho amostral, dados coletados do DATASUS e uma amostra de conveniência de prontuários de um hospital credenciado pelo SUS para este tipo de cirurgia em São Paulo. Os resultados demonstram que a obesidade mórbida apresentou um crescimento de 255%, passando de 0,18% (1974-5) para 0,33% (1989) e 0,64% (2002-3). Este tipo de obesidade foi mais freqüente no Sul nas primeiras duas pesquisas, mas subiu de modo acelerado no Sudeste alcançando a prevalência de 0,77% em 2002-3, que supera a do Sul. Os custos associados à cirurgia bariátrica representam um grande impacto para os SUS. Na amostra estudada a mortalidade decorrente da cirurgia encontra-se dentro dos níveis esperados segundo a literatura internacional. As complicações mais freqüentes foram: dor abdominal, vômitos, litíase biliar e hérnia incisional. Complicações de alta gravidade como embolia pulmonar, fístulas gástrica e enteral, enterorragia, trombose venosa profunda e pancreatite também foram registradas mais raramente. O Ministério da Saúde deve adotar medidas de prevenção e promoção à saúde, previstas nas recentes Portarias publicadas, na tentativa de reduzir a tendência no aumento da prevalência da obesidade e, sobretudo, da obesidade mórbida no Brasil. Recomenda-se adoção de uma escala de identificação de risco no preparo pré-operatório; uso precoce de antibioticoterapia profilática e adoção da correta suplementação nutricional no acompanhamento em longo prazo dos pacientes operados. Os hospitais de referência do SUS devem manter dados sobre os pacientes que foram submetidos à cirurgia bariátrica. A equipe multidisciplinar deve estar alerta para a importância de coletar estes dados e de notificar as complicações pós-operatórias. É crucial para o SUS a implementação de um sistema informatizado para este acompanhamento.
ASSUNTO(S)
mortalidade cirurgia bariátrica ciencias da saude obesidade
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