CIPHERS OF CHANGE: MUSIC AND APOCALYPSE

AUTOR(ES)
FONTE

Perspectiva Teológica

DATA DE PUBLICAÇÃO

2022

RESUMO

RESUMO Centrando-se na questão da possibilidade metafísica de mudança, o artigo aborda uma particular instância musical de transformação: a perda do próprio mundo. A partir da observação de que a música desempenha papel especial quando se trata do colapso de mundos, o artigo analisa duas cenas filosóficas (em Platão e Schopenhauer) nas quais a música é pensada como geradora da possibilidade de mudança. Em Platão, a música ocorre como facilitadora educacional para a mudança (tanto individual como pessoal), e vem descrita ambiguamente em termos tanto de soberania como de ausência de fundamentação. Em Schopenhauer, a música é pensada como fronteira do mundo, onde a perda do próprio mundo (e uma transformação mediante renúncia religiosa) é aspecto estrutural do próprio conceito de música. Essa noção da música como que fora ou à margem do mundo, em sentido hiperbólico e quase redentor, é então trazida para a discussão do filme The Big Short (sucesso de bilheteria de Hollywood em 2015), no qual o histórico colapso de Wall Street em 2007-2008 vem profetizado por uma série de personagens marginais, um dos quais tem relação especial com a música. Mais uma vez a música aparece como figura (uma cifra) para a transformação que esses personagens sentem vir, mudança que, perto do final do filme, sugere uma perda que afeta não só o mundo, mas a própria música. Embora a música tenha sido historicamente considerada como agente de mudança (de sentimentos, conceitos ou sociedades), aqui a própria música é que vem afetada por uma transformação que está além de sua capacidade de percepção e, talvez, além de seu próprio conceito. A ideia de música sugere então uma lógica de mudança que evoca, por um lado, conhecidas hipérboles de antigas reflexões teológicas sobre a música (Agostinho) e, por outro lado, relatos mais recentes de transformações, acontecimentos apocalípticos e milagres em pensadores tão diversos como Derrida e Meillassoux, e em romances ‘apocalípticos’ contemporâneos como Wittgenstein’s Mistress (1988) de David Markson. Será que a perda da música nessas obras sugeriria a possibilidade de novos mundos?

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