Cidadania em construção: possibilidades e limites no processo de exlusão/inclusão social no Nucleo Cooperativa de Lixo do Real Parque

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A partir do envolvimento profissional da autora, com a favela Real Parque no cargo diretora técnica do Centro de Saúde Real Parque (Unidade Básica de Saúde), de 1987 a 2002, surgiu a idéia de um projeto de coleta seletiva de resíduos sólidos e organização um sistema de cooperativa para a geração de renda sustentável com o intuito de minimizar a pobreza da população favelada do Bairro Real Parque, situado na zona sul de São Paulo, uma das regiões mais nobres da cidade, pertencente ao distrito administrativo do Morumbi, palco da constatação de contrastes gritantes entre uma população rica e privilegiada, moradora dos condomínios altamente luxuosos e outra, tão socialmente desprotegida, moradora da favela do Real Parque. Com o objetivo de verificar se é possível a construção da cidadania em seus direitos políticos, civis e sociais com a formação de um núcleo cooperativa no Real Parque ReciclaReal, a presente pesquisa de cunho social empírico, denominada pesquisa-ação, revela dados demográficos, quantitativos e qualitativos que compreendem a realidade local e sugere a economia solidária como nova forma de organização social e alternativa de inclusão daqueles que se encontram em inserção no mercado de trabalho extremamente desfavorável. Fundamentada em autores que refletem questões sobre a construção da cidadania, observa-se que o conjunto de transformações econômicas, tecnológicas e sociais, a partir do século XX, tem produzido impactos positivos e negativos. Com relação a estes, pode-se citar, o desemprego que, principalmente no Brasil, trouxe inúmeras conseqüências para as classes mais desfavorecidas. Tais efeitos também provocaram aumento no consumo, proliferando o lixo e agravando o problema ambiental que, paradoxalmente, constitui o meio de subsistência de muitos. Neste aspecto, esta pesquisa evidencia que as cooperativas de coleta seletiva de lixo, além de beneficiarem uma parcela excluída socialmente, colaboram em sua inserção e emancipação social em vários aspectos: no sentido ecológico (resgatar as agruras do meio-ambiente), no sentido econômico (recuperação dos insumos com economia da matéria primária e geração de renda), no sentido cultural (a nova cultura de separação do lixo), no sentido educativo (sensibilização dos moradores dos malefícios causados pelo lixo), no sentido social (interação entre os moradores do bairro das classes sociais distintas), no sentido simbólico (o dispor de uma identidade), no sentido psicológico (sentimento de dignidade e auto-estima) e no sentido cidadão (a construção dos direito civis, políticos e sociais). Enfim, a aparição de um novo personagem no cenário social: os higienistas ambientais, transformadores da realidade. Destaca-se a revelação de uma nova cidadania a partir da capacidade de realizar funcionamentos, como afirma Sen (2001) quando permitem-se sair do encarniçamento social de pessoas coisificadas e se transformam em homens cidadãos. Isto pode ser conseguido através do Trabalhador Social, a partir do método da roda, um espaço de mediação entre os diferentes, em ações que se mobilizam e proporcionam melhorias sociais em organizações governamentais como uma Unidade Básica de Saúde, com propostas objetivas e de alcance real. Cabe ressaltar que os moradores de favelas, neste caso, do Real Parque, mesmo em condições precárias de saúde, são capazes de ser produtivos e obter renda que garanta sua subsistência desde que sejam participativos de uma organização econômica baseada na igualdade, solidariedade e interdependência

ASSUNTO(S)

cooperative inclusão social cooperativa solid waste favela (shanty town) cidadania ciencias sociais aplicadas cooperativas real parque (favela) social inclusion resíduos sólidos favela residuos citizenship

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