Cartografia do cuidado e da clínica na formação do enfermeiro saberes, práticas e modos de subjetivação. / Cartography and clinical care in nursing education - knowledge, practices and modes of subjectivity.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/12/2010

RESUMO

O cuidado e a clínica são imanentes ao trabalho do enfermeiro e a forma como eles são concebidos, a partir dos seus referenciais teóricos, norteia desde os momentos da formação profissional até a produção do cuidado em saúde. No espaço acadêmico, essas concepções direcionam seus enfoques teórico-metodológicos e a relação docente-discente, seja na perspectiva de uma produção modeladora da subjetividade ou para a singularização dos sujeitos. Ainda neste espaço, o enfermeiro se aproxima teoricamente de várias perspectivas de cuidado e de clínica, mas de que forma elas operam na produção da singularidade desses sujeitos e produzem uma implicação com a produção do cuidado em saúde centrada nos sujeitos, e não em uma prática tecnicista e fragmentada? Esta pesquisa teve como objetivos cartografar as concepções de clínica e de cuidado que norteiam a formação do enfermeiro e descrever como essas concepções operam numa perspectiva de subjetivação e na produção de singularidades na produção do cuidado da enfermagem. Metodologicamente, trata-se de uma cartografia, onde os sujeitos da pesquisa foram docentes e discentes do curso de graduação em enfermagem da Faculdade de Enfermagem da UERN (Mossoró-RN). Os dados foram produzidos por meio de observação participante da realidade, entrevistas semi-estruturadas e do próprio projeto pedagógico do curso. Quanto à análise dos dados foi utilizado como método, a análise do discurso na perspectiva da corrente francesa de pensamento. A discussão sobre a clínica e o cuidado no contexto discursivo estudado é composta de um discurso que, interdiscursivamente, volta-se para os referenciais teóricos do projeto pedagógico, que por sua vez estão ancorados no materialismo histórico e dialético; é orientada teoricamente pela concepção de saúde enquanto socialmente determinada, e pela discussão dos perfis epidemiológicos do coletivo no sentido de transformá-los, ação esta subsidiada pela vigilância à saúde. Há uma produção de sentidos acerca destes conceitos enquanto atenção à doença que se manifesta no corpo apreendido em sua individualidade e sem conexão com o contexto da vida dos sujeitos. Existem tentativas de situar conceitualmente o cuidado na perspectiva teórica humanística-fenomenológica, mas, além da falta de uma teorização coerente com seus referenciais, elas se contradizem com a vivência cotidiana onde os sujeitos esperavam que de alguma forma esse cuidado tivesse ressonância nas relações que eles estabelecem entre si no período da formação. Há também uma tentativa de ressignificar a clínica (da doença) adotando a clínica ampliada como alternativa para reconfigurar o trabalho clínico do enfermeiro; por meio dos seus princípios basilares ela aparece, parafrasticamente, nos discursos dos docentes e dos discentes. Mas a vivência junto aos serviços de saúde evidencia lacunas de sentido quando o conhecimento produzido não ultrapassa o plano teórico. Os sujeitos reconhecem na formação um espaço de implicação e de singularização, onde existem linhas de fuga do plano instituído potencializadoras de outros conceitos para o cuidado e para a clínica, quando nesse mesmo contexto discursivo os sujeitos atravessam o discurso institucional e lhe imprimem sentidos, instituintes de novas formas de produzir o cuidado de enfermagem, a partir de uma vivência desses conceitos em uma relação docente-discente que favoreça a produção da singularidade, e não apenas a apropriação de referenciais teóricos.

ASSUNTO(S)

enfermagem cuidado clínica subjetividade formação enfermagem nursing care clinic formation subjectivity

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