Carcinoma bronquico : analise de uma serie de casos atendidos no ambulatorio de oncopneumologia das disciplinas de pneumologia e cirurgia toraxica da Faculdade de Ciencias Medicas da Unicamp

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1994

RESUMO

Foram analisados 261 pacientes com carcinoma brônquico, atendidos entre janeiro de 1988 a dezembro de 1990, no ambulatório de Onco-pneumologia do Hospital de Clínicas da Unicamp. A maioria dos pacientes era do sexo masculino (80%), . tabagista (95% dos homens e 63% das mulheres) e da região de Campinas. (52,5%). A faixa etária entre 60-69 anos foi responsável por 42% dos casos e foram raros os casos abaixo dos 40 anos. O carcinoma epidermóide, com 44,1% dos casos, seguido do adenocarcinoma, foi o mais freqüente. No grupo dos fumantes o carcinoma epidermóide e o carcinoma de pequenas células foram os mais encontrados, principalmente, entre as mulheres. No grupo dos não tabagistas o adenocarcinoma foi o mais com um sendo que neste grupo não houve nenhum caso de carcinoma de pequenas células e de carcinoma epidermóide em homens. A maioria dos pacientes eram sintomáticos (96,2%). Com queixa de curta duração e estádios anatômicos avançados. A tosse foi o sintoma mais relatado em todos os tipos histológicos. O carcinoma brônquico foi mais freqüente no pulmão direito, nos lobos superiores e de localização central. Alteração radiológica foi a principal causa de encaminhamento e o termo "massa", genericamente, o mais usado para descrevê-lo. No estadiamento, metade dos casos foram considerados irressecáyeis localmente, 36% apresentavam metástases à distância e 66% dos casos acometiam gânglios mediastinais. Na admissão predominaram metástases para fígado, ossos e cérebro enquanto que durante o seguimento e no estádio tenl1inal estas predominaram para cérebro e ossos. Quarenta e nove (18%) pacientes foram submetidos à cirurgia nos seguintes estádios cirúrgicos: 17(35%) estádio I; 7(14%) estádio II; 13(27%) estádio IIIa; 11(22%) estádio IIIb e 1(2%) estádio IV. Em 9(18%) ocorreram complicações, sendo que 2(4%) foram a óbito. De 30 pacientes avaliados pós-cirurgia, 14(46,7%) apresentaram recidiva em menos de 2 anos. A recidiva no estádio I foi de 25%, no estádio 11 de 60% e no estádio IIIa de 67%. A recidiva local, metástases em ossos e cérebro foram os locais mais freqüentes. Cento e um(39%) pacientes abandonaram o tratamento, 57 nos primeiros 2 meses. Apenas em 3% dos casos, a causa do óbito não estava relacionada ao carcinoma brônquico. A broncoscópia e a punção percutânea quando disponíveis, deverão ser os métodos diagnósticos de escolha por serem seguros e com excelente positividade, alem do que, a broncoscopia permite fazer o estadiamento local. O baixo número de pacientes assintomáticos, o elevado número de pacientes em estádios avançados e a maior parte dos paciente com queixas em até 6 meses, permitem concluir que: o carcinoma de pulmão apresenta sintomas tardios; os pacientes e médicos sub-valorizam as queixas; e o encaminhamento aconteceu mais em função do comprometimento do estado geral do paciente do que ao tempo de queixas.As enzimas hepáticas(AST, ALT, GGT) mostraram-se excelente método de detecção de metástase hepática. A predominância de lnetástase óssea e cerebral nos pacientes tratados pode estar relacionada a uma baixa eficácia do tratamento realizado para erradicar metástase nestes sítios. Com estas observações somadas aos dados da literatura conclui-se que, brevemente, haverá uma epidemia de carcinoma brônquico e campanhas de esclarecimento devem ser feitas, visando principalmente os jovens. Finalmente, conclui-se que a formação de um grupo multidisciplinar em oncopneumologia é fundamental, assim como a padronização de atendi1llento e a formação de banco de dados para aquisição de conhecimento, visando o beneficio do paciente e acúmulo de material de pesquisa.

ASSUNTO(S)

neoplasias pulmonares carcinoma bronquico

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