Caracterização mineralógica do minério fosfático da Mina de Tapira - MG

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

10/03/2004

RESUMO

Este trabalho objetivou realizar uma caracterização mineralógica detalhada do minério fosfático rico em carbonatos e silicatos, proveniente de regiões mais profundas da mina de Tapira-MG, com a finalidade de fornecer subsídios para a adequação do processo de sua concentração. A mina de Tapira apresenta uma associação mineralógica heterogênea e com baixo teor de apatita, o que leva a processos industriais de beneficiamento muito complexos. Atualmente, a unidade industrial tem sido alimentada parcialmente com minérios ricos em carbonatos, o que tem causado problemas no desempenho da flotação de apatita, quando se utilizam ácidos graxos saponificados como agentes coletores. Foram utilizadas 12 amostras de minério preparadas através de britagem, moagem, peneiramento e deslamagem. Os métodos analíticos empregados foram: difração de raios-X, análises químicas, microscopia óptica, microscopia eletrônica de varredura, microanálise química (EDS e WDS) e espectrometria de infravermelho (FTIR). Concentrados purificados de apatita de cada amostra foram obtidos através de flotação e separações em meio denso e magnética. Os resultados mostram que, apesar das 12 amostras serem classificadas como clinopiroxenitos, elas apresentam variações modais na composição, o que influencia na escolha dos reagentes de flotação mais apropriados, permitindo uma melhora do concentrado produzido. De acordo com a composição mineralógica e grau de alteração, estas amostras foram separadas em quatro grupos de minério: clinopiroxenitos pouco alterados (amostras 2, 5 e 10), clinopiroxenitos micáceos (amostras 1, 4 e 9), clinopiroxenitos argilizados (amostras 11 e 12) e clinopiroxenitos ricos em magnetita e perovskita (amostras 3, 6, 7 e 8). A mineralogia principal consiste em diopsídio, apatita, carbonatos, minerais micáceos, magnetita, perovskita, anatásio/rutilo, quartzo e ilmenita, sendo observadas granada do tipo melanita na amostra 4 e esmectita do tipo nontronita nas amostras 11 e 12. Localmente ocorrem quantidades minoritárias de anfibólio, titanita, hematita, goethita, zircão, pirita, monazita, barita, zirconolita, óxido de Mn, Ba e Fe (prováveis holandita e/ou romanechita) e fosfatos secundários dos grupos do rabdofânio e da crandalita. Os minerais micáceos foram identificados como sendo principalmente filossilicatos de camadas mistas (flogopita/vermiculita e biotita/vermiculita, este último somente na amostra 12) e vermiculita pura, ocorrendo também quantidade minoritária de clorita e flogopita. Calcita e dolomita predominam entre os carbonatos e ocorrem principalmente sob a forma de vênulas cortando os demais minerais dos clinopiroxenitos ou como finas inclusões, em geral nos cristais de apatita. Os teores de carbonatos variam entre 1 % (amostras 1 e 9 clinopiroxenito micáceo e 11 e 12 clinopiroxenito argilizado) até 32% (amostra 10 clinopiroxenito pouco alterado), porém predominam teores entre 11% e 26%. A apatita nas 12 amostras consiste em carbonato-estrôncio-flúor-hidroxiapatita, é essencialmente primária e aparece em cristais límpidos, apesar de inclusões fluidas e inclusões principalmente de carbonatos serem comuns. As características da apatita sugerem um bom desempenho no processo de flotação, com elevados índices de recuperação, porém deve ser levada em consideração sua seletividade em relação aos minerais de ganga. Entre os principais minerais portadores de cálcio nas 12 amostras da mina de Tapira (diopsídio, carbonatos, perovskita, apatita, melanita en nontronita), os carbonatos correspondem aos maiores contaminantes dos concentrados (teores variando entre <1% até 6%), localmente ocorrendo diopsídio, monazita, barita, perovskita, minerais micáceos, melanita e nontronita, minerais esses que somados não chegam a atingir 1%. As relações texturais entre a apatita e os carbonatos indicam que concentrados totalmente puros são impossíveis de se obter, uma vez que seria necessária uma moagem excessiva do minério.

ASSUNTO(S)

engenharia metalúrgica teses.

Documentos Relacionados