Caracterização dos fatores de risco para trombose venosa profunda em pacientes de uma Unidade de Terapia Intensiva

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A Trombose Venosa Profunda (TVP) tem como complicações: a embolia pulmonar (potencialmente fatal) e a insuficiência venosa crônica (com elevado custo social). O diagnóstico impreciso da TVP e da embolia pulmonar aponta para a importância de sua prevenção. A estratificação de risco é a estratégia que permite determinar a profilaxia da TVP adequada a cada caso. Este estudo que se insere na linha de pesquisa Processo de Cuidar em Saúde de Enfermagem, teve como objetivos identificar a prevalência dos FR para TVP numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital escola; verificar a distribuição dos pacientes de acordo com o grau de risco para a doença, com o uso de três escalas de estratificação de risco para TVP (Escala de Autar. escala da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e Escala de Weinmann e Salzman); avaliar a concordância entre três escalas quanto ao nível de risco para TVP; e, verificar se existe associação entre o nível de risco identificado e o emprego de profilaxia adequada. Foram sujeitos do estudo 152 pacientes internados na UTI do HC-Unicamp, no período de dezembro de 2004 a junho de 2005. Durante um período de sete dias a partir da internação na UTI (ou período menor, no caso de alta ou óbito) foi realizado registro diário dos FR para TVP. Os FR foram elencados a partir das três escalas de classificação de risco, com acréscimo de fatores comprovadamente relacionados ao desenvolvimento de TVP. Os dados coletados foram submetidos à análise descritiva, teste de associação (qui-quadrado e teste exato de Fisher), coeficiente Kappa ponderado para análise de concordância da classificação de risco dada pelas três classificações e análise de regressão logística para determinação dos fatores indicativos da classificação de risco. Observou-se no grupo estudado média de 5.2 FR associados, sendo os mais prevalentes: imobilização severa (95,4%), presença de um cateter venoso central (90,1%). cirurgia maior que 60 minutos (86.2%) e idade igual ou superior a 60 anos (46,7%). A classificação de Weinmann e Salzman não permitiu classificar o risco em 19,8% dos casos e classificou a maioria dos pacientes (52.6%) como risco moderado. A escala de Autar classificou 48.7% dos pacientes como risco moderado. Na classificação da SBACV, 90.8% dos sujeitos foram categorizados como de alto risco. Não houve concordância na classificação dada pelos três modelos (kappa: 0.04 a 0,34). A profilaxia farmacológica isolada ou em associação com medidas não-farmacológicas foi observada em 42,1% e 8.5% dos casos, respectivamente. A profilaxia mecânica isolada foi observada em somente 15.8% dos casos. Apesar da variabilidade na classificação de risco pelos modelos, foi constatado que aproximadamente metade do grupo estudado (43,4 a 59.0%) recebeu menor profilaxia do que seria necessário. Conclui-se que: os pacientes estudados apresentam freqüência elevada dos FR para TVP; os três modelos de classificação de risco não contemplam todos os FR observados na população em estudo, além de não serem concordantes entre si quanto ao grau de risco estimado para cada paciente: e. a profilaxia para TVP observada esteve aquém do que seria determinado como adequado, por qualquer uma das classificações empregadas no estudo. Os dados obtidos sugerem a necessidade de estudos futuros que permitam rever os critérios para estratificação de risco para TVP em pacientes de UTI e reforçam a necessidade do desenvolvimento e implementação de estratégias que estimulem a adesão dos profissionais de saúde na adoção da profilaxia adequada para TVP. Palavras-chave: cuidados de enfermagem, fatores de risco, tromboembolismo. unidades de terapia intensiva.

ASSUNTO(S)

fatores de risco unidade de tratamento intensivo cuidados em enfermagem risk factors intensive care units nursing care tromboembolismo

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