Caracterização de germoplasma de soja quanto aos teores de proteína, óleo e ácidos graxos / Characterization of soybean germplasm for protein, oil and fatty acids contents

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/04/2011

RESUMO

A soja é atualmente a cultura de maior destaque na safra brasileira de grãos. Entre seus principais produtos estão o óleo e o farelo, os quais têm sido matéria-prima para a produção de alimentos e ração animal. O elevado teor de proteína representa o principal atrativo do uso da soja na alimentação. Além disso, o óleo de soja tem sido também utilizado na produção de biodiesel. Esses segmentos industriais buscam cultivares com perfis semelhantes de ácidos graxos, cujo óleo garanta melhor estabilidade oxidativa. Isto corresponde a óleos com baixos teores de ácidos poli-insaturados, associados a elevados teores de ácidos graxos monossaturados. Para isso, torna-se indispensável a caracterização de atributos relacionados à qualidade do grão dos cultivares comerciais; o que pode ser estendido, para os propósitos de melhoramento da soja nesses atributos, aos recursos genéticos preservados em bancos de germoplasma. Atualmente a caracterização desses recursos ainda é deficiente, sobretudo quando se tratam de caracteres especiais como aqueles anteriormente mencionados. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi caracterizar uma subcoleção de 527 acessos de soja do banco de germoplasma da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Goiás (Seagro-GO), com base nos teores de proteína, óleo e dos principais ácidos graxos no óleo. Os grãos foram obtidos de ensaio de campo conduzido na Unidade Experimental da Seagro-GO (1643S; 497W; 765 m), município de Senador Canedo-GO, na safra 2007/2008. O delineamento experimental foi em blocos aumentados (blocos de Federer), com duas cultivares testemunhas (Conquista e Monsoy 6101) e parcela constituída de uma fileira de plantas (5,0 m x 0,5 m). Os teores de proteína foram quantificados pelo método Kjeldahl; de óleo, por Soxhlet; e os de ácidos graxos (palmítico, esteárico, oleico, linoleico e linolênico), pelo método FAME (Fatty Acid Methyl Esters). Para a avaliação da divergência genética entre os acessos, utilizaram-se as análises multivariadas de variáveis canônicas, de componentes principais e de agrupamento. Esta última foi realizada pelo método hierárquico aglomerativo, associado ao critério de ligação UPGMA. Também se realizaram análises discriminantes canônicas entre os grupos de similaridade identificados e entre os ciclos de maturação dos acessos (precoce, médio e tardio). Na análise de componentes principais foram necessárias três componentes para explicar 78% da variância total, ao passo que na análise de variáveis canônicas, apenas duas destas variáveis explicaram 81,2% dessa variação. Em relação à variação fenotípica, observou-se que a subcoleção apresenta variabilidade relativamente baixa entre os acessos, em seus teores de proteína (de 35,7% a 44,0%) e óleo (de 14,8% a 18,5%). Para os ácidos graxos, o germoplasma apresenta variação relativamente ampla, embora características de interesse industrial como elevados teores de ácido oleico (maiores que 40%) e baixos teores de ácidos poli-insaturados (menores que 40%) sejam restritas a poucos acessos. Quanto aos ácidos graxos poli-insaturados, o germoplasma apresenta variabilidade satisfatória para o ácido linoleico (ômega-6), porém, baixa variabilidade para o ácido linolênico (ômega-3), sobretudo em seu limite superior. Pela análise de agrupamento foram estabelecidos cinco grupos de similaridade multivariada (A, B, C, D e E), com formação de subgrupos em alguns deles. Os acessos dos grupos A e B apresentam os maiores teores de óleo e de proteína, respectivamente. Os acessos do grupo C destacam-se com os melhores perfis em qualidade do óleo (estabilidade oxidativa). Mesmo selecionando apenas o germoplasma com melhor perfil em estabilidade oxidativa do óleo, ainda foi possível identificar nessa coleção cinco grupos de acessos significativamente divergentes nos teores de ácidos graxos. As variáveis que se mostraram mais relevantes na estruturação da divergência genética desse germoplasma foram os teores de ácidos graxos poli-insaturados e saturados.

ASSUNTO(S)

divergência genética variável canônica estabilidade oxidativa melhoramento vegetal divergence canonical variable oxidative stability

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