Caracterização da percepção visual em crianças e adolescentes com epilepsia: aspectos cognitivos e sociais / Characterization of the visual perception in children and adolescents with epilepsy: cognitive and social aspects

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A epilepsia é um distúrbio cerebral caracterizado pela predisposição persistente do cérebro para gerar crises epilépticas e pelas conseqüências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais desta condição. Algumas pesquisas demonstram que distúrbios visuais são bastante freqüentes em pessoas com epilepsia. Nestes termos, o objetivo deste trabalho foi determinar o limiar sensório visual de crianças e adolescentes com e sem epilepsia, verificando possíveis alterações na percepção visual da forma relacionadas a este transtorno. O limiar sensório é definido como a menor intensidade de um estímulo que um ser humano é capaz de detectar. A função de sensibilidade ao contraste (FSC) é o inverso da curva de limiar de contraste (1/FSC). Assim, a FSC é uma ferramenta que permite caracterizar a resposta do SV para padrões visuais em níveis baixos, médios e altos de contraste e avaliar possíveis alterações sensoriais relacionadas ao processamento visual. A idéia principal é que a elevação ou redução da FSC pode está relacionada a alterações sensoriais, cognitivas e comportamentais. Participaram deste estudo, 20 voluntários de ambos os sexos com idades entre 7 e 17 anos, sendo 10 sem epilepsia e 10 com epilepsia (crises tônicoclônicas). Todos apresentavam acuidade visual normal ou corrigida e foram distribuídos pelos grupos atendendo ao critério de equivalência de idade. As medidas foram realizadas com o método psicofísico da escolha forçada, utilizando grade senoidal vertical estática com freqüências espaciais de 0,25; 2,0 e 8,0 cpg (ciclos por grau de ângulo visual). Durante cada sessão experimental, foram apresentados aleatoriamente pares de estímulos (estímulo de teste e neutro), e a tarefa dos participantes foi escolher sempre o estímulo de teste com uma das freqüências acima. O critério adotado foi o de três acertos consecutivos para diminuir o contraste em uma unidade, e apenas um erro para aumentar o contraste na mesma unidade (20%). Após cada sessão, o programa produzia uma folha de resultados com a situação experimental e os seis valores de contraste conseguidos pelas reversões. Os valores de contraste obtidos para cada freqüência foram agrupados em planilhas por condição (com e sem epilepsia) e a grande média foi utilizada como estimativa do limiar sensório ou da sensibilidade ao contraste em função de cada freqüência espacial testada. A análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas mostrou diferenças significantes entre os dois grupos [F(1, 238) =11,80); p <0,01]. Já a análise com o teste post-hoc Tukey HSD revelou diferença significante apenas na faixa de freqüências de 0,25 cpg (p <0,01). Em termos gerais, os resultados demonstraram alteração significante na percepção visual da forma de crianças e adolescentes com epilepsia.

ASSUNTO(S)

percepção visual psicologia social função de sensibilidade ao contraste visual perception spatial frequency psychophysical forced-choice method método psicofísico epilepsy epilepsia contrast sensitivity function freqüência espacial

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