Canibalismo e normalização

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O canibalismo é uma invenção ocidental. Aplicado às sociedades indígenas ele se expressa de diferentes maneiras de acordo com cada sociedade, local, tempo e circunstância. Entre os ameríndios nos séculos XVI e XVII, estas práticas poderiam ser reconhecidas entre os rituais guerreiros e funerários. Mas a antropofagia entre esses índios também foi usada pelos colonizadores europeus como justificativa para a aplicação de medidas preventivas, punitivas e técnicas de sujeição. Nas sociedades ocidentais, o canibalismo é compreendido em circunstâncias distintas. Os casos extremos, em que ele é o último recurso de sobrevivência, atualmente é a única forma aceitável desta prática nestas sociedades. O canibalismo enquanto tática de terror agrega todas estas outras formas de canibalismo. O que está em jogo nesta circunstância não são os fatos propriamente ditos, mas o efeito do canibalismo no discurso. A terceira circunstância analisada nesta dissertação é o canibalismo enquadrado na categoria de crime sem razão. Categoria que serve de justificativa para o saber psiquiátrico, e justifica a aplicação deste saber. Entre esses chamados crimes sem razão, emerge juntamente com novas técnicas e dispositivos de poder próprios de uma sociedade de controle uma outra possibilidade de canibalismo na sociedade ocidental, um canibalismo em que a chamada vítima é voluntária. Procuramos perceber a existência do canibalismo através de uma análise discursiva, com base na proposta de Michel Foucault. Utilizamos como ferramenta de análise, noções e conceitos de alguns autores, especialmente de Claude Lévi-Strauss, Michel Foucault e Gilles Deleuze

ASSUNTO(S)

society of control antropofagia canibalismo normalization normas sociais cannibalism normalização ciencias sociais aplicadas sociedade de controle controle social

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