CAMPINARANA E ÍNDIOS BANIWA: INFLUÊNCIAS AMBIENTAIS E CULTURAIS SOBRE A COMUNIDADE DE VERTEBRADOS TERRESTRES NO ALTO RIO NEGRO, AM

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

06/10/2005

RESUMO

Apesar da grande diversidade de animais encontrada na Amazônia, poucos estudos realizados nessa região buscaram caracterizar a estrutura das comunidades de vertebrados terrestres existentes e as peculiaridades relacionadas aos diferentes tipos de fisionomias existentes. Nesse estudo analisei a estrutura da comunidade de vertebrados terrestres de médio e grande porte em uma região de campinarana, enfocando na riqueza, abundância e densidade populacional das espécies encontradas na região e utilizando, para isso, quatro diferentes métodos de amostragem. Obtive registros dos animais existentes nessa região através do censo baseado em registros diretos (sonoros e visuais), registros de rastros obtidos em parcelas de areia e registros de tocas. Informações sobre a possível ocorrência de outras espécies também foi obtida por meio de entrevistas com os índios Baniwa, habitantes da região. Os resultados obtidos apresentam a campinarana do Alto Rio Negro como um ambiente onde pode ser encontrada uma comunidade de vertebrados terrestres semelhante, em termos de riqueza, às florestas de terra firme. No entanto, em termos de abundância, as populações encontradas na campinarana apresentaram valores muito baixos, provavelmente inflenciada pelas condições de baixa produtividade da região. Apresento nesse estudo o uso da vida silvestre e a caça de subsistência praticada pelos índios Baniwa, do Alto Rio Negro, na região Amazônica. Assim como outros estudos realizados em diferentes locais nas florestas neotropicais, os índios Baniwa usam uma ampla gama de espécies para consumo proteico e por motivos culturais. Diferentes tecnologias de caça são empregadas por esses grupos, resultando em diferentes composições de caça. Apesar do curto tempo empregado para avaliar a composição da caça e a taxa de consumo de caça, os dados obtidos indicam uma baixa quantidade de presas abatidas pelos Baniwa, comparado com outros grupos indigenas, sugerindo uma baixa preferência da atividade da caça como forma de suprir as necessidades proteicas diárias em comparação com a atividade da pesca, provável reflexo da baixa abundância das espécies caçadas na região, sem, no entanto, indicar uma alta pauperização de recursos alimentares, como mostra o desprezo pelas espécies de menor tamanho e a existência de espécies tabú. Apesar de estudos realizados na Amazônia e em outras regiões demostrarem que a caça praticada por povos indígenas atuam influenciando a estrutura das comunidades de animais visados pela caça, ainda há dificuldades em se mensurar essas alterações. Apresento aqui uma análise da variação da comunidade de vertebrados ao longo de uma região na Amazônia e a relação desta com variáveis ambientais e com o tamanho das aldeias indígenas existentes na região, visto que o aumento demográfico humano, inflacionando a caça e outras atividades potencialmente deletérias ao animais, é uma das maiores preocupações atuais quando se discute conservação. A riqueza não mostrou ser significativamente influenciada pelas variáveis medidas. A abundância das espécies, no entanto, mostrou uma considerável relação com o aumento populacional na região. Os resultados indicam que, apesar de fatores ambientais serem importantes agentes influenciando a composição da comunidade de animais caçados na região, o acréscimo de poucas pessoas na área estudada já é o suficiente para também surtir efeito nessa comunidade.

ASSUNTO(S)

vertebrados terrestres campinarana amazônia central caça de subsistência indios baniwa ecologia

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