BIOLOGIA POPULACIONAL DE Aegla sp. n.. (CRUSTACEA, DECAPODA, AEGLIDAE) NO ARROIO PASSO TAQUARA, SÃO PEDRO DO SUL/RS

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O objetivo desse trabalho foi avaliar alguns aspectos da biologia de Aegla sp. n.., tais como: tamanho do início da maturidade sexual morfológica, tamanho mediano de machos e fêmeas, distribuição etária, proporção sexual geral e nas classes de tamanho do comprimento cefalotoráxico, período reprodutivo, recrutamento, distribuição espacial, temporal e crescimento em ambiente natural. Este crustáceo é uma espécie nova em processo de descrição. O presente estudo foi realizado no Arroio Passo Taquara, localizado no município de São Pedro do Sul, região central do estado do Rio Grande do Sul. Foram realizadas coletas mensais de maio de 2006 a abril de 2007 em três trechos do referido córrego. Os organismos foram coletados com o auxílio de armadilhas plásticas, sendo que foram dispostas oito por trecho a uma distância de dez metros uma da outra, e com um puçá de 30 x 40 cm de tamanho, fundo de 60 cm e panagem com malha de 0,2 mm, sendo que em cada trecho foi realizado um esforço amostral de 20 minutos por duas pessoas. Os organismos coletados foram sexados com base na presença de pleópodos nas fêmeas e ausência destes nos machos e/ou posição das aberturas genitais (na coxa do 3 par de pereiópodes das fêmeas e 5 par nos machos), quando não era possível a visualização de pleópodos uma lupa foi utilizada para a visualização dos poros genitais. Indivíduos com menos de 3 mm de comprimento cefalotoráxico foram considerados jovens não sexados por não apresentarem pleópodos e poros genitais desenvolvidos o suficiente para a uma visualização com confiabilidade. Os indivíduos tiveram as seguintes dimensões corporais mensuradas com um paquímetro digital com precisão de 0,01mm: Comprimento do cefalotórax (CC - da ponta do rostro até a borda posterior da carapaça), largura do cefalotórax (LC tomada na altura da sutura posterior a região gástrica), largura do segundo somito abdominal (LA), comprimento do própodo quelar esquerdo (CPE), comprimento do própodo quelar direito (CPD) e altura do maior própodo quelar (ALT). Obtidas as medidas e a sexagem, os organismos foram devolvidos no mesmo local de onde coletados. Foram amostrados 916 indivíduos, sendo 17 juvenis não sexados, 601 machos (166 juvenis e 435 adultos) e 298 fêmeas (101 jovens, 172 adultas e 25 ovígeras). O tamanho do início da maturidade sexual morfológica foi estimado, utilizando os programas Mature I e II, em 13,60 e 10,84mm de comprimento cefalotoráxico para machos e fêmeas respectivamente. Machos e fêmeas apresentaram dimorfismo sexual quanto ao seu tamanho mediano. A distribuição em classes de tamanho se mostrou bimodal para machos e fêmeas, o que indica mais de um grupo etário na população. A proporção sexual seguiu o padrão esperado de 1:1, considerando-se os organismos coletados com puçá, fato que não foi observado com o conjunto total dos dados. Foram amostradas fêmeas ovígeras em todas as estações do ano, porém com maior intensidade no inverno, da mesma forma o recrutamento em Aegla sp. n.. apresentou-se de forma contínua ao longo do ano, porém com uma alta intensidade no inverno e primavera. A temperatura da água registrada no Arroio Passo Taquara não apresentou diferenças entre os trechos (p>0,05), porém no verão os valores foram estatisticamente mais elevados (p<0,05). Os valores de pH registrados no trecho 02 foram levemente mais alcalinos que nos demais trechos, da mesma forma foram observadas diferenças nos valores de pH entre as estações do ano (p<0,05). Os teores de oxigênio dissolvido (OD) na água não variaram significativamente entre os trechos (p>0,05), porém os valores de OD foram estatisticamente menores no verão (p<0,05). Não foi observada diferença estatística da vazão entre os trechos e estações do ano (p>0,05). Não foram observados valores significantes na análise de regressão linear entre a abundância de eglídeos e os parâmetros abióticos analisados (p>0,05). Não foi visualizada relação entre a precipitação pluviométrica e a abundância de Aegla sp. n.. no Arroio Passo Taquara (F1,11 = 0,02 p = 0,87). O tipo de substrato parece ser o principal fator que explica a distribuição dessa espécie no Arroio, esse fato fica mais evidente quando observamos o valor da regressão linear entre a quantidade de pedras e a abundância de Aegla sp. n.. (F1,11 = 19,53 p = 0,0016). O tamanho das pedras não se relaciona com a abundância nos três trechos amostrados. As curvas de crescimento do cefalotórax estimadas para machos e fêmeas são descritas pelas seguintes equações Ct = 28,00 [1 e-0,0047(t+10,63)] e Ct = 25,16 [1 e-0,0051(t+17,65)], respectivamente. Os machos atingiram maiores tamanhos que as fêmeas e a longevidade foi estimada em três anos para os machos e dois anos e meio para as fêmeas. Foram verificadas diferenças no tamanho médio e mediano dos quelípodos, além de um crescimento diferencial das quelas direita e esquerda em machos e fêmeas de Aegla sp. n.. O presente estudo busca contribuir para o conhecimento sobre os aspectos da biologia populacional na espécie Aegla sp. n.., visando a criação de medidas conservacionistas.

ASSUNTO(S)

distribuição sazonal maturidade sexual dinâmica populacional sexual maturity population dynamic ciencias biologicas crescimento seasonal distribution growth

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