BelelÃu e PretobrÃs: palavra, performance e personagens nas canÃÃes de Itamar AssumpÃÃo

Conrado Vito Rodrigues Falbo

O compositor Itamar AssumpÃÃo (1949-2003) iniciou sua carreira artÃstica no inÃcio dos anos 1980, ao lado do grupo de mÃsicos que viria a se tornar conhecido como Vanguarda Paulista. Foi um dos pioneiros no Brasil a produzir e fazer circular sua obra de forma independente, ou seja, Ã margem do circuito das grandes gravadoras. O trabalho de Itamar Ã pautado por uma atitude de renovaÃÃo e ruptura com as formas de compor e interpretar canÃÃes praticadas tradicionalmente no Brasil, o que nÃo impediu o artista de travar diÃlogos criativos com a mÃsica popular urbana produzida no Brasil durante o inÃcio do sÃculo XX, sobretudo o samba. As canÃÃes de Itamar operam em mÃltiplos nÃveis de significaÃÃo, utilizando sobreposiÃÃes rÃtmicas, melÃdicas e discursivas, alÃm da linguagem cÃnica presente nas suas elaboradas performances em apresentaÃÃes ao vivo. No presente estudo procuramos analisar as canÃÃes sob uma tripla perspectiva, baseada no exame do seus aspectos textual (as letras), musical (melodia, ritmo, acompanhamento instrumental e vocal) e, especialmente, na interaÃÃo destes elementos durante a performance. As idÃias de Paul Zumthor sobre a performance de textos poÃticos funcionaram como eixo a partir do qual foi construÃdo o marco teÃrico, procurando sempre adaptar os instrumentos analÃticos Ãs especificidades da canÃÃo enquanto objeto de estudo. Temos como focos analÃticos o primeiro disco lanÃado por Itamar (BelelÃu lelÃu eu, de 1981) e o Ãltimo disco lanÃado pelo artista em vida (PretobrÃs, de 1998): os discos representam momentos distintos da produÃÃo artÃstica de Itamar, oferecendo uma visÃo de como seu estilo criativo se modificou ao longo de quase vinte anos de carreira musical

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