Avaliação prospectiva da claritromicina na rinossinusite crônica com polipose nasossinusal recorrente

AUTOR(ES)
FONTE

Braz. j. otorhinolaryngol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2021-05

RESUMO

Resumo Introdução Os efeitos anti-inflamatórios dos macrolídeos são reconhecidos, principalmente da claritromicina para os pacientes com rinossinusite crônica sem pólipos e outras doenças inflamatórias crônicas das vias aéreas em outras populações. Não existe consenso na literatura quanto a sua prescrição para os pacientes de rinossinusite crônica com polipose nasossinusal e a literatura nacional não dispõe de estudos prospectivos sobre a eficácia da claritromicina na rinossinusite crônica em nossa população. Objetivo Avaliar o efeito da claritromicina no tratamento adjuvante da rinossinusite crônica recorrente com polipose nasossinusal refratária ao tratamento clínico e cirúrgico. Método Estudo prospectivo aberto, com 52 pacientes, portadores de rinossinusite crônica com polipose nasossinusal recorrente. Todos os indivíduos receberam lavagem nasal com SF 0,9% 20 mL e fluticasona spray nasal, 200 mcg/dia, 12/12 horas por 12 semanas; e claritromicina 250 mg, de 8/8 horas, por 2 semanas e posteriormente 12/12 horas, por 10 semanas. Os pacientes foram avaliados através do SNOT 20, do NOSE e Lund-Kennedy antes, pós-tratamento imediato e 12 semanas após o tratamento. Os pacientes também foram avaliados antes do tratamento por tomografia computadorizada das cavidades paranasais (Lund-Mackay) e dosagem sérica de IgG, IgM, IgA, IgE e eosinófilos. Os desfechos avaliados foram: SNOT-20, NOSE e Lund-Kennedy. Resultados A maioria dos pacientes era mulher, idade de 47 (15) anos (mediana/intervalo interquartílico) e 61,5% (32/52) portadores de asma. Todos os pacientes completaram o seguimento após 12 semanas e 42,3% (22/52) após 24 semanas. O tratamento resultou em uma diminuição quantitativa do SNOT-20 [2,3 (1,6) vs. 1,4 (1,6); Δ = -0,9 (1,1); p< 0,01]; do NOSE [65 (64) vs. 20 (63); Δ = -28 (38), p< 0,01] e do Lund-Kennedy [11 (05) vs. 07 (05); Δ = -2 (05); p< 0,01]. O SNOT-20 mostrou uma melhoria qualitativa (> 0,8) em 54% (28/52, p< 0,04) dos pacientes, grupo que evidenciou menor nível de IgE [108 (147) vs. 289 (355), p< 0,01]. O grupo de pacientes que completou o seguimento 12 semanas após o término do tratamento (n = 22) não mostrou uma pioria dos desfechos. Conclusão O uso prolongado adjuvante da claritromicina em baixas doses para pacientes com rinossinusite crônica com polipose nasossinusal recorrente refratária ao tratamento clínico e cirúrgico resultou em melhoria na qualidade de vida e endoscopia nasal, principalmente em pacientes com níveis de IgE normal. Essa melhoria se sustentou no grupo de pacientes avaliado 12 semanas após o término do tratamento.

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