Avaliação neuroimunoendócrina de ratos hipotireoidianos submetidos ao estresse de imobilização e a endotoxemia: participação da L-arginina e da sintase do óxido nítrico.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

A identificação do óxido nítrico (NO) dentro do hipotálamo e da glândula pituitária sugere que o NO participa como molécula moduladora da atividade do eixo hipotálamo-pituitária. Os hormônios tireoidianos, por sua vez, regulam a atividade hipotalâmica da sintase do NO (NOS). O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da injeção prévia de Nv-nitro-L-arginina metil ester (L-NAME), inibidor da NOS, e de L-Arginina (L-Arg), substrato para a geração de NO, na secreção de prolactina (PRL) e corticosterona (CORT), na expressão da proteína c-Fos hipotalâmica e na redistribuição de células imunocompetentes (neutrófilos, linfócitos e seus subtidos T, CD4+ e CD8+) do sangue periférico induzido pelo estresse de imobilização (IMO) e induzido pela resposta inflamatória através do lipopolissacaróideo (LPS) em ratos tireoidectomizados. Ratos Wistar (220-280g), tireoidectomizados (TX) ou falsos operados (N), (n = 10/15 por grupo), foram tratados com injeções intraperitoneal (i.p.) de L-NAME (10 mg/Kg) ou L-Arg (200mg/Kg), 30 minutos antes da indução do estresse ou da injeção de LPS, 250 mg/100 g peso corporal, i.p.. Os animais-controle receberam um volume similar de solução salina (SL) 0,9% i.p.. Amostras de sangue para análise hormonal foram coletadas nos tempos ?30min (basal), 0min (após injeção de L-NAME, L-Arg ou SL) e após 5, 15, 30, 60, 120 e 240 min de estresse ou endotoxemia. Cérebros de ratos para detecção da proteína c-Fos, através de imunohistoquímica, foram coletados nos tempos basais (-30 min), e após 30 min de injeção de L-NAME, L-Arg ou SL, e 120 min de endotoxemia ou estresse de IMO. Amostras de sangue para análise dos leucócitos foram coletadas antes e depois das drogas e após 240min de estresse ou endotoxemia. Foram dosados os hormônios por radioimunoensaio e foram analisados os subtipos de linfócitos por citometria de 18 fluxo. Os resultados mostram que o hipotireoidismo bloqueia parcialmente a secreção de PRL e CORT durante a IMO e a endotoxemia. Nos ratos N, o NO aumenta a secreção de PRL durante a endotoxemia, enquanto nos ratos hipotireoidianos o NO tem um efeito contrário. Embora o NO não seja um fator limitante na liberação de PRL induzida pelo estresse, a sobrecarga de L-Arg modula a secreção de PRL, aumentando-a temporariamente em ambos os grupos. O NO estimula a secreção de CORT durante a endotoxemia e o estresse de IMO, porém concentrações elevadas de NO reduzem a liberação de CORT diretamente pela glândula adrenal. A atividade da NOS é regulada para baixo nos ratos hipotireoidianos, portanto o hipotireoidismo modula negativamente o eixo hipotálamo-pituitário-adrenal. O hipotireoidismo reduz a resposta inflamatória induzida pelo LPS e o NO age como uma molécula antiadesiva nesse processo. O NO modula o tráfico leucocitário que resulta na redistribuição de leucócitos entre o sangue e outros compartimentos imunes. A modulação da distribuição das células imunes no estresse agudo e na endotoxemia é uma resposta adaptativa para potencializar a vigilância imunológica e aumentar a capacidade do sistema imune em responder a um desafio. Portanto, os ratos hipotireoidianos têm imunocompetência comprometida devido ao bloqueio parcial de PRL e CORT durante o estresse e endotoxemia, além de não apresentar redistribuição leucocitária para os diversos compartimentos imunes. Os núcelos hipotalâmicos PVN e SON dos ratos N, submetidos a endotoxemia e ao estresse de IMO, apresentam uma intensa expressão de c-Fos. O hipotireoidismo inibe parcialmente a expressão de c-Fos no PVN de ratos endotoxêmicos, e no SON em situações de estresse e endotoxemia, com exceção do grupo de ratos TX endotoxêmicos tratados com L-Arg, cuja expressão foi similar a dos ratos normais.

ASSUNTO(S)

estresse imunologia hipotireoidismo avaliação neuroimunoendócrina óxido nitrico endotoxemia

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