Avaliação fenotípica e funcional de eosinófilos do sangue periférico de pacientes portadores da fase crônica da equistossomose mansoni

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Neste trabalho foi investigado o papel de eosinófilos humanos na morbidade da infecção pelo Schistosoma mansoni. Nosso objetivo foi desenvolver um estudo descritivo-funcional de eosinófilos do sangue periférico de pacientes apresentando a forma clínica intestinal (INT) e pacientes portadores de fibrose periportal (FIB). Nossos principais resultados mostraram um aumento de leucócitos e eosinofilia parcial nos pacientes do grupo INT. Na avaliação de moléculas de superfície, os dados mostraram que eosinófilos dos pacientes dos grupos INT e FIB apresentam ativação celular determinada pela expressão das moléculas co-estimuladoras CD28 e CD80 e da molécula de ativação HLA-DR. Além disso, eosinófilos de pacientes do grupo INT mostraram aumento de CD25 e CD54, enquanto os de pacientes do grupo FIB aumento de CD23. Pacientes do grupo FIB apresentaram ainda aumento de IgE total no plasma sugerindo que IgE pode estar associada à morbidade na esquistossomose mansoni. Além disso, aumento de ECP foi observado tanto no grupo INT como grupo FIB. Estes dados sugerem que ECP pode ser uma importante ferramenta na avaliação da infecção esquistossomótica humana. Na avaliação do processo de migração, o grupo INT apresentou aumento da intensidade média de fluorescência do receptor de quimiocina CCR3, no entanto, as maiores alterações ocorreram nos níveis de quimiocinas plasmáticas do grupo FIB que apresentou diminuição de CCL2/MCP-1, CCL5/RANTES, CXCL-8/IL-8 e aumento de CXCL-9/MIG. Estes resultados sugerem que baixas concentrações de quimiocinas estão associadas ao risco de desenvolvimento de fibrose periportal. Os dados de citocinas mostraram aumento de TNF-a, IL-4 e IL-5 nos eosinófilos do grupo FIB, em todas as culturas avaliadas. É interessante notar que o aumento da expressão de citocinas por eosinófilos, tanto na presença de SEA como de SWAP, foram observados no grupo FIB demonstrando que a resposta imune induzida tanto por SEA como SWAP é um evento importante associado ao estabelecimento/manutenção de diferentes formas clínicas da infecção pelo S. mansoni. Análises de correlações entre citocinas do tipo 1 e tipo 2 mostraram que INT e FIB possuem um padrão misto de citocinas tanto na cultura na presença de SEA como de SWAP. Os resultados relacionados à intensidade de infecção mostraram que pacientes do grupo INT100 apresentam aumento de todos os leucócitos, da molécula de ativação HLA-DR e de adesão CD54 além do aumento dos níveis de ECP. Estes dados sugerem que a intensidade de infecção pode desencadear mecanismos imunes importantes para o desenvolvimento de morbidade na esquistossomose mansoni. Os dados relacionados à desgranulação mostraram que eosinófilos do grupo INT estão mais ativados em relação aos eosinófilos do grupo NEG, observado pela maior incorporação da sonda FM2-10. Este resultado foi confirmado pelo aumento dos níveis de peroxidase eosinofílica (EPO) nos sobrenadantes de granulócitos do grupo INT. Em resumo, nossos dados reforçam a importância do papel dos eosinófilos na infecção pelo S. mansoni, bem como na evolução da morbidade desta infecção.

ASSUNTO(S)

bioquímica teses. esquistossomose mansônica teses.

Documentos Relacionados