Avaliação de métodos etnobotânicos e ecológicos em estudos de diagnóstico rápido da biodiversidade / Evaluation of ecological and ethnobotanical methods in rapid assessment of biodiversity.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/02/2011

RESUMO

A necessidade de gerar informações biológicas em curto tempo é eminente, levando em consideração a rápida perda de diversidade no mundo. Diante da variedade de métodos para coleta de dados sobre a flora, quais seriam os recomendados pelo pouco tempo para execução sem perder eficiência? O presente trabalho objetiva avaliar a eficiência e tempo de execução de métodos ecológicos (parcelas e quadrantes) e etnobotânicos (entrevistas na comunidade, oficina participativa e inventário-entrevista) na amostragem rápida da flora em uma área de Caatinga arbórea, situada no Sítio Carão, município de Altinho-PE. A partir de uma oficina participativa foram selecionadas duas áreas: uma sem indício de uso recente (Área 1) e outra, abandonada após um plantio há 30 anos (Área 2). Em cada área foram instaladas 20 parcelas de 10 x 20 m e 200 pontos quadrantes e foram amostradas plantas lenhosas com diâmetro de ≥ 3 cm ao nível do solo. Foram feitas comparações entre áreas e métodos: a) Diversidade, a partir do teste t; b) Riqueza, registrada a partir do teste de Cochran e estimada a partir do teste de Jackknife; c) Parâmetros fitossociológicos, a partir da distância Euclidiana Média; e d) Esforço amostral total entre os métodos. Para os métodos etnobotânicos realizou-se uma oficina participativa com 32 pessoas para as quais foram apresentadas fotografias e exsicatas como estímulo visual para coletar nomes e usos de 62 espécies de plantas registradas durante o inventário fitossociológico. As mesmas plantas foram apresentadas in situ a dois especialistas locais, que indicaram nomes e usos das mesmas. Foram utilizados dados coletados pelo grupo de etnobotânica aplicada desde o ano de 2006, a partir de entrevistas semi-estruturadas realizada com a população adulta da comunidade a partir da qual calculou-se Valor de Uso (VU). Para comparar o registro de plantas entre os métodos, foi aplicado o teste de Cochran, no qual cada método foi considerado uma amostra e cada espécie considerada presente ou ausente, pelo seu reconhecimento ou citação em cada método. Avaliou-se a correlação entre VU com Densidade Relativa (DeR) e Valor de Importância (VI) registrados para o método de parcelas e pontos quadrantes nas duas áreas estudadas. O método de quadrantes apresentou menor erro amostral em relação ao de parcelas, mas este pode subestimar a diversidade local. Mesmo que o método de parcelas demande mais tempo, deverá ser empregado na estimativa de diversidade e outros parâmetros fitossociológicos. O método de quadrantes é útil em inventários rápidos na Caatinga para amostragem da riqueza. O registro de uma grande população de Croton blanchetianus é indicativo de distúrbio. O envolvimento de pessoas auxilia na seleção de áreas de amostragem. Foram reconhecidas mais espécies no inventário-entrevista (44 espécies) e a oficina participativa apresentou mais erros na identificação (9 espécies). Verificou-se 100% de similaridade entre a oficina participativa e o inventário-entrevista, e ambas apresentaram 100% de diferença com a entrevista geral com toda a comunidade e tais diferenças são significativas (Q = 13,37; gl = 2; p = 0,0013). Verificou-se correlação entre VU com DeR e VI para o método de ponto quadrantes na Área 2 (rs = - 0,53; p = 0,02 e rs = - 0,59; p = 0,0008 respectivamente). O envolvimento de parataxonomistas é importante na avaliação rápida da diversidade, mas é necessário cautela ao utilizar fotografias e exsicatas como estímulo visual. O método de pontos quadrantes é mais rápido e pode ser útil no registro plantas locais para posterior coleta de informações etnobotânicas.

ASSUNTO(S)

biodiversidade flora fitossociologia ciência florestal ciências agrárias biodiversity

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