Avaliação de deformidades morfológicas em larvas de Chironomus (Diptera, Chironomidae) na bacia do rio Piracicaba e sua aplicação no biomonitoramento

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A bacia hidrográfica do rio Piracicaba é considerada uma das mais poluídas do estado de São Paulo. Está localizada em uma região com alta densidade populacional e acentuado desenvolvimento da agroindústria e de indústrias químicas, têxteis, metalúrgicas, eletroeletrônicas, automotivas e de papel e celulose. Diante deste cenário, o objetivo deste trabalho foi analisar a incidência de deformidades morfológicas no mento de larvas de Chironomus em corpos dágua que integram esta bacia, principalmente na sub-bacia do ribeirão Quilombo. Foram realizadas análises de características físicas e químicas da água e do sedimento, testes ecotoxicológicos e de mutagenicidade e análise da comunidade bentônica em dez pontos de coleta, no mês de agosto de 2007. A influência dos esgotos domésticos nos pontos amostrados foi evidenciada através da análise da água superficial e de fundo, que no geral, apresentou resultados fora dos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005. No sedimento foi detectada a presença de metais e de HPAs em concentrações acima dos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 344/04, além de efeito tóxico agudo para larvas de Chironomus sancticaroli e Hyalella azteca. Melhor condição ambiental para a comunidade bentônica foi verificada no ribeirão Jacuba e no rio Piracicaba, a montante do ribeirão Quilombo, correspondendo às áreas mais preservadas. As maiores incidências de deformidades morfológicas no mento de Chironomus avaliadas nas amostras de sedimento foram verificadas em dois pontos localizados no rio Piracicaba (Pontos 2 e 3), a jusante do ribeirão Quilombo, com 25,3% e 36,3% de deformidades, respectivamente, sendo a falta de dentes o tipo mais comum. Através dos resultados da incidência de deformidades observada nas larvas de Chironomus coletadas na vegetação alguns pontos localizados nas sub-bacias dos ribeirões Quilombo e Tatu puderam ser mais bem avaliados, em termos de qualidade ambiental, pois no sedimento não havia número significativo de larvas. Na maioria dos pontos amostrados não foi verificada uma correspondência direta entre a freqüência de deformidades e o nível bruto de contaminantes, a exceção do zinco. Sugere-se o valor de 2% como limite para a incidência natural de deformidades em ambientes não impactados, devendo ser realizadas novas investigações em locais de referência no país, visando a inclusão desta variável em programas de monitoramento da qualidade ambiental.

ASSUNTO(S)

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