Avaliação de 100 pacientes com nefrite lúpica acompanhados por dois anos
AUTOR(ES)
Melo, Ana Karla Guedes de, Avelar, Alessandra Barbosa, Maegawa, Flávia Kamy Marciel, Souza, Branca Dias Batista de
FONTE
Revista Brasileira de Reumatologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009-02
RESUMO
OBJETIVOS: Determinar a frequência de remissão total e parcial no tratamento da nefrite lúpica aos 12 e 24 meses de seguimento. Comparar esses subgrupos aos 12 meses, correlacionando as variáveis renais iniciais com a resposta ao tratamento. Analisar e comparar os resultados terapêuticos do subgrupo com glomerulonefrite proliferativa difusa por correlação clínico-patológica ("classe IV clínica") com aqueles de "classe IV histológica", isto é, com biópsia renal comprovada pela Organização Mundial da Saúde. MATERIAL E MÉTODOS: Foram estudados 100 pacientes consecutivos com diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico (LES) e nefrite, atendidos no Serviço de Reumatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e acompanhados por dois anos. Os portadores de comorbidades que comprometem os rins foram excluídos. Foram analisadas as variáveis demográficas, clínicas, laboratoriais e o índice de atividade da doença (SLEDAI). Os pacientes com classe histológica III, IV ou V receberam corticosteroide e ciclofosfamida como tratamento de indução da nefrite lúpica e aqueles com classe II receberam apenas corticosteroide. RESULTADOS: A idade média ao diagnóstico de LES foi de 24,71 ± 10,14 anos, com predomínio do sexo feminino (88%). O SLEDAI calculado ao diagnóstico foi de 16,09 ± 6,48. Em relação às variáveis renais iniciais, a creatinina média foi de 1,02 ± 0,49 mg/dL, a proteinúria de 24 horas média foi de 2,57 ± 2,39 g e o anticorpo anti-dsDNA foi encontrado em 66% dos casos. Todos os pacientes receberam corticosteroide e 75% utilizaram a ciclofosfamida. Cinquenta e seis pacientes foram submetidos à biópsia renal. Os subtipos II e IV foram os mais prevalentes (33,9% e 32,2%, respectivamente). Após 12 meses de acompanhamento, todos os pacientes apresentaram redução significativa da proteinúria de 24 horas, melhora do sedimento urinário e dos valores das frações do complemento (C3, C4, CH50). A frequência de remissão total aos 12 meses foi 72,7% e, aos 24 meses, 85,7% (p = 0,013). A remissão parcial ocorreu em 27,3% dos doentes aos 12 meses e em 14,3% aos 24 meses. O sexo masculino apresentou menor frequência de remissão total comparado ao feminino aos 12 meses de acompanhamento (45,5% versus 81,6%, p = 0,007). Dentre as diferentes variáveis estudadas, nenhuma se correlacionou com remissão total ou parcial aos 12 meses. O subgrupo "classe IV clínica" apresentou maior frequência de remissão total que o subgrupo "classe IV histológica". CONCLUSÃO: Com o esquema terapêutico usado em nosso serviço, verificou-se um excelente desfecho em dois anos. Não foram observadas correlações entre variáveis clínico-laboratoriais e remissão total ou parcial. O sexo masculino apresentou menores taxas de remissão total comparado ao feminino. Apesar do pequeno número de pacientes estudados e das controvérsias quanto à biópsia renal, a taxa de remissão total foi maior nos pacientes com "classe IV clínica" em relação àqueles com "classe IV histológica".
ASSUNTO(S)
lúpus eritematoso sistêmico nefrite remissão total biópsia renal
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