Avaliação da dor diante de estímulo não-nociceptivo em prematuros ao longo dos primeiros 28 dias de vida / Pain evaluation after a non-nociceptive stimulus in preterm infant during the first 28 days of life

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/06/2011

RESUMO

Recém-nascidos prematuros e/ou gravemente enfermos são submetidos a tratamentos agressivos e dolorosos, necessários para o suporte vital ao longo das primeiras semanas de vida. Já se sabe que os prematuros apresentam condições neurológicas para perceber e experimentar a dor e que estímulos nociceptivos repetitivos no inicio da vida podem levar a alterações no processamento da dor e no desempenho cognitivo e comportamental na infância, adolescência e vida adulta. Nesse contexto o objetivo da pesquisa foi avaliar, em recém-nascidos com 28-32 semanas de idade gestacional, se um procedimento de rotina não doloroso passa a ser percebido como doloroso no decorrer do período neonatal. Uma coorte de 36 pacientes prematuros sem malformações foi avaliada quanto à presença de dor durante a troca da fralda, durante os primeiros 28 dias de vida. Os pacientes foram estudados em três tempos (5 minutos antes da troca, durante a troca e 3 minutos após) e em cinco momentos (72 horas, 7, 14, 21 e 28 dias de vida) por meio da freqüência cardíaca, saturação de oxigênio e três escalas validadas para avaliar dor no recém-nascido: Escala de Dor Neonatal (NIPS), Indicadores Comportamentais de Dor Neonatal (BIIP) e Perfil de Dor do Prematuro (PIPP). Os resultados foram analisados por ANOVA para medidas repetidas ajustada para sexo, idade gestacional ao nascer, número de procedimentos dolorosos e uso de opióides. Os pacientes tinham, ao nascer, idade gestacional média de 30,21,4 semanas, peso de 1257238g, sendo 18 (50%) de cada sexo. Os resultados do presente estudo indicaram que pacientes prematuros, com 28-32 semanas de idade gestacional, não passam a apresentar dor em resposta à manipulação não dolorosa ao longo do período neonatal. Ou seja, a análise qualitativa e quantitativa das escalas validadas de dor não demonstrou aumento da presença ou da pontuação das avaliações seriadas realizadas durante a troca de fraldas dos pacientes analisados, sem correlação entre a experiência dolorosa prévia e a variação dos escores da BIIP e da NIPS nos três momentos de avaliação ou entre o número de procedimentos efetuados durante os 28 dias analisados e o escore da PIPP. A variação da saturação de oxigênio nos três tempos de estudo foi similar ao longo do período neonatal, mas a freqüência cardíaca se elevou de maneira crescente entre o repouso e a troca de fraldas e permaneceu mais elevada na recuperação, após a manipulação, no decorrer das semanas de avaliação. Os resultados obtidos indicam, portanto, que, em prematuros moderados, submetidos à cerca de 30 procedimentos dolorosos pregressos, não parece haver a amplificação da nocicepção para estímulos não dolorosos, ou seja, o estímulo não doloroso não desencadeia a presença de dor avaliada por escalas validadas. Observou-se, entretanto, que, à medida que aumenta a idade pós-natal, o recém-nascido com idade gestacional de 28-32 semanas passa a responder ao estímulo não doloroso com maior elevação da freqüência cardíaca, sugerindo uma modificação do limiar do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal em resposta ao estresse.

ASSUNTO(S)

recém-nascido dor avaliação da dor unidades de terapia intensiva neonatal pediatria

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