Avaliação clinica, endoscopica e histopatologica tardia de doentes submetidos a gastrectomia parcial por ulcera peptica

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

A descoberta e a associação do Helicobacter pylori (HP) com as úlceras pépticas em 1983 trouxe mudanças sobre a fisiopatologia, etiologia e o tratamento desta doença. Alguns anos se passaram para que a comunidade médica e científica aceitassem amplamente que a úlcera péptica pudesse ter uma causa infecciosa. O conceito de que sem ácido não há úlcera norteou por muito tempo a tática terapêutica que passou pelas cirurgias como as gastrectomias e as vagotomias até chegar aos dias de hoje com o uso de potentes inibidores da bomba de prótons e associações antibióticas. O objetivo deste trabalho foi avaliar tardiamente os doentes submetidos à gastrectomia parcial como tratamento da úlcera péptica em época em que o HP ainda não era erradicado de forma intencional. A avaliação incluiu o estudo dos sintomas do pós-operatório em comparação com os pré-operatórios, tabagismo e etilismo, e a incidência de síndromes pós-gastrectomias; avaliação endoscópica incluindo, o tipo de cirurgia realizada e os achados macroscópicos da mucosa do coto gástrico, duodeno ou jejuno dependendo do tipo de reconstrução; avaliação histopatológica, incluindo a pesquisa de HP por dois métodos: histológico e teste de urease; e a possível associação do HP presente no estômago remanescente com as avaliações clínica, endoscópica e histopatológica pós-operatórias. Cinqüenta e nove doentes gastrectomizados por úlcera péptica entre os anos de 1985 e 1993 na UNICAMP foram convocados a comparecer no GASTROCENTRO, 44 (74,6%) eram do sexo masculino e tinham idade média de 55 anos com variação de 31 a 77 anos, passaram por entrevista clínica e por exame endoscópico, onde foram colhidos fragmentos de biópsia para teste de urease e para análise histopatológica, incluindo a pesquisa do HP. Além disto, foi pesquisada a presença do HP nas peças cirúrgicas ressecadas para constatação da presença ou não da bactéria no pré-operatório. Na avaliação clínica os resultados mostraram que 96% dos doentes apresentaram boa (Visick II) ou ótima (Visick I) evolução clínica pós-operatória tardia. Os sintomas pós-operatórios mais comuns foram dispepsias leves e independentes da presença ou não do HP. Algumas síndromes pós-gastrectomia como diarréia, anemia e dumping ocorreram em respectivamente em 11 (18,6%), dois (3,4%) e dois (3,4%) casos. A reconstrução tipo BI trouxe melhores resultados clínicos tardios com significância estatística (p<0.05) quando comparado com as reconstruções tipo BII e Y de Roux. Na avaliação endoscópica, a maioria dos doentes (52,5%) apresentou exame normal, enquanto os demais apresentaram gastrites enantematosa (37,3%), erosiva (8,5%). Recidiva da úlcera foi diagnosticada em dois doentes (3,4%). Na análise histopatológica foi observado uma incidência elevada de gastrite crônica (98,3%). A presença de HP ocorreu em 86% nos doentes antes da cirurgia e em 89,8% no pós-operatório tardio. As conclusões mostraram que os doentes gastrectomizados, apresentaram boa evolução clínica pós-operatória tardia. A gastrectomia parcial com reconstrução tipo BI foi a que trouxe melhores resultados clínicos a longo prazo. O HP apesar de estar presente no coto gástrico em 89,8% dos doentes não influenciou de forma negativa nos resultados clínicos, endoscópicos ou histopatológicos no pós-operatório tardio

ASSUNTO(S)

ulcera peptica helicobacter pylori gastrectomia cirurgia

Documentos Relacionados