Avaliação clinica e da medula ossea em crianças com alterações no hemograma decorrentes da infecção pelo HIV

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Anemia, neutropenia, linfopenia, plaquetopenia e pancitopenia são freqüentes no curso da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). A etiologia é multifatorial: uso de drogas mielossupressoras, invasão da medula por infecções oportunistas ou neoplasias, carências nutricionais, destruição periférica e interferência direta do HIV na hematopoiese. O vírus HIV não infecta os progenitores na medula óssea. Sua ação se dá pela infecção de células auxiliares do estroma, o que acarreta desregulação da produção de citocinas e fatores de crescimento de colônias, e alterações no microambiente. O exame da medula pode auxiliar no esclarecimento etiológico das citopenias. Muitos trabalhos descrevem as alterações de medula óssea em pacientes adultos infectados pelo HIV, porém apenas 3 descrevem as alterações em crianças. Nossos objetivos foram descrever as alterações no mielograma de um grupo de crianças infectadas pelo HIV com citopenias periféricas, e verificar a contribuição desse estudo no esclarecimento das etiologias das citopenias. Reavaliar as indicações da coleta de aspirado de medula em crianças com Aids e citopenias. Comparar carga viral e subpopulações linfocitárias no sangue e na medula óssea, em pacientes com ou sem terapia antiretroviral. Foram incluídas 8 crianças com Aids e citopenias e avaliados os aspectos clínicos, mielograma, carga viral e subpopulações linfocitárias na medula, hemograma, carga viral e subpopulações linfocitárias no sangue. Todas as crianças foram caracterizadas como progressoras rápidas da infecção pelo HIV. Foram divididas em 2 grupos, em uso (Grupo 2) ou não (Grupo 1) de antiretrovirais. Grupo 1: três pacientes tiveram diagnóstico de anemia de doença crônica, 1 invasão da medula por MAC e 1 neutropenia secundária à infecção pelo HIV. Grupo 2: um paciente teve diagnóstico de neutropenia secundária à infecção pelo HIV, 1 púrpura trombocitopênica imune e 1 mielotoxicidade por pirimetamina. Não houve diferença entre carga viral no sangue e na medula em todos os pacientes. Foram encontradas correlações diretas entre: linfócitos periféricos e CD19 na medula; carga viral e CD3 total; carga viral e relação CD4/CD8; relação CD4/CD8 na medula e relação granulócitos/eritrócitos na medula (rel G/E). A carga viral no sangue e na medula e a rel G/E foram mais elevadas no Grupo 1.Os dados encontrados são semelhantes aos descritos na literatura em crianças infectadas pelo HIV. O estudo da medula óssea foi útil para o esclarecimento etiológico das citopenias em todos os pacientes, principalmente quando se suspeitou de infecção oportunista e no diagnóstico diferencial de plaquetopenia. Houve correlação entre alterações nos linfócitos da medula óssea e as alterações hematológicas no sangue periférico

ASSUNTO(S)

anemia linfocitos aids (doença)

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