Atraso no encaminhamento de pacientes com demência para centro terciário no sul do Brasil: fatores associados e possíveis soluções

AUTOR(ES)
FONTE

Dement. neuropsychol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2021-04

RESUMO

RESUMO. O diagnóstico precoce de demência tem muitos benefícios e deve ser uma prioridade. No Brasil, ele é feito por especialistas na maioria dos casos. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar o tempo médio entre o início da doença até a avaliação com especialista e seus possíveis fatores relacionados; também propomos estratégias potenciais para lidar com esse atraso. Métodos: Trata-se de um estudo transversal de base de dados com 245 pacientes com demência atendidos em ambulatório de um hospital universitário do sul do Brasil, que avalia indivíduos provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O desfecho principal foi o tempo entre o início dos sintomas até a avaliação com o especialista, relatados pelos informantes. Os indivíduos foram separados em dois grupos: tempo até a consulta com o especialista menor e maior que 1 ano. A análise multivariável foi usada para testar os possíveis fatores relacionados à avaliação tardia pelo especialista. Resultados: O tempo médio±DP entre o início dos sintomas e a avaliação com o especialista foi de 3,3±3,3 anos. Na análise não ajustada, os indivíduos que chegaram para avaliação antes de 1 ano do início da doença foram diagnosticados com mais frequência com demência vascular, tiveram início do quadro mais repentino e subagudo, sintomas neuropsiquiátricos na apresentação, progressão rápida, uso de álcool e antipsicóticos (p<0,05). Na análise multivariada, apenas alterações de personalidade e início rápido dos sintomas mostraram-se preditores para chegada mais precoce ao especialista, mesmo controlando possíveis confundidores. Conclusão: Encontramos um longo tempo entre o início da doença até a avaliação do especialista e indivíduos com alterações de personalidade e apresentação mais rápida foram encaminhados mais precocemente. Melhorar a capacidade diagnóstica do médico de família, campanhas educacionais em massa e transmissão de conhecimento por especialistas são algumas estratégias potenciais para lidar com o atraso do diagnóstico de demência.

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