Atividade farmacologica dos extratos obtidos da Plathymenia reticulata Benth. (Leguminosae)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

A Plathymenia reticulata Benth. (Leguminosae), conhecida popularmente como vinhático, encontra-se amplamente distribuída em regiões do Cerrado brasileiro. A infusão em água fria da entrecasca do caule é utilizada popularmente para tratamento de diversos processos inflamatórios. O material vegetal foi coletado no município de Senador Canedo, Estado de Goiás, para a obtenção de extratos brutos hidroalcoólicos (70%), a partir de extrações a frio (EBHP) e a quente (EBHQ), e do extrato bruto acetato de etila (EBAE). Estes extratos foram posteriormente avaliados em modelos de inflamação, algesia e câncer. A realização de uma triagem fitoquímica com os extratos hidroalcoólicos detectou a presença de flavonóides, taninos, antocianinas e saponinas. O processo de purificação do EBHP foi direcionado para obtenção de frações ricas em substâncias de caráter ácido (FA), básico (FB) e uma fração neutra (FN). A atividade antiedematogênica dos extratos brutos e frações de Plathymenia reticulata foi avaliada no modelo de edema de pata induzido por carragenina. Neste ensaio, apenas os extratos brutos hidroalcoólicos (EBHP e EBHQ) promoveram uma inibição do edema principalmente após 4 e 5 horas da administração do agente flogístico. As frações FB e FN de P. reticulata inibiram o edema após 4 e 5 horas da administração de carragenina. A fração ácida (PA) não foi ativa neste modelo. No ensaio de dermatite induzida por óleo de cróton, também utilizado para avaliar a atividade antiedematogênica de P. reticulata, nenhum dos extratos foram capazes de inibir a formação do edema. A atividade do EBHF sobre a migração leucocitária foi testada no ensaio de peritonite induzida por carragenina em camundongos. A administração oral do EBHF reduziu o número de leucócitos que migraram para a cavidade peritonial, seguindo perfil semelhante ao da dexametasona. A indometacina, antiinflamatória não esteroidal, também reduziu a migração leucocitária em 67%. Estes resultados sugerem uma possível influência dos extratos brutos hidroalcoólicos na síntese de prostanóides. Com o objetivo de avaliar a relação entre as substâncias que inibem a expressão da enzima ciclooxigenase e a atividade citocida ou citostática em células tumorais, foi realizado o estudo da atividade antiproliferativa dos extratos e frações obtidos de P. reticulata. o EBHF e as frações FB e FN apresentaram seletividade, efeito citostático para todas as linhagens celulares e citocida para células de pulmão, ovário e melanoma. A fração FA apenas inibiu o crescimento das linhagens de ovário e melanoma. Os resultados obtidos demonstraram uma correlação entre a atividade antiproliferativa e antiinflamatória, provavelmente relacionada à inibição da enzima COX-2. O extrato bruto acetato de etila (EBAE), apesar de não ser considerado ativo no modelo de edema de pata, foi avaliado sobre as células derivadas de tumores humanos, demonstrando seletividade para a linhagem de mama com efeito citostático já na menor concentração e citocida na mais elevada. Para a linhagem de cólon o EBAE produziu inibição de crescimento na concentração de 25 ?g/mL e morte celular com 250 ?g/mL.Para as demais linhagens, o EBAE apresentou efeito citostático ou citocida somente na concentração mais elevada. Este resultado aponta para a presença de substâncias com mecanismo de ação antitumoral independente da atividade antiinflamatória. Para avaliação da atividade antinociceptiva, os extratos brutos de P. reticulata foram testados em modelos de algesia induzida por estímulo químico e térmico. No teste de algesia induzida por ácido acético, apenas os extratos brutos hidroalcoólicos reduziram o número de contorções abdominais, com inibição de nocicepção segundo perfil semelhante ao da indometacina. Além disso, o EBHF foi efetivo de maneira dose-dependente. No teste de algesia induzida por calor, o EBHF de P. reticulata aumentou o tempo de reação dos animais 60 e 90 minutos após sua administração por via intraperitonial, utilizando-se a morfina como controle positivo. o teste da formalina foi utilizado com o objetivo de melhor caracterizar a atividade antinociceptiva do extrato bruto (EBHF) de P. reticulata. Neste modelo, o pré tratamento pela via oral com o EBHF reduziu a dor neurogênica e a inflamatória induzidas pela formalina. A indometacina, atiinflamatório não esteroidal e controle positivo do teste, reduziu apenas a dor de origem inflamatória. Como o EBHF apresentou atividade antinociceptiva sobre a primeira fase de dor induzida pela formalina, testou-se sua atividade no modelo de dor neurogênica induzida pela capsaicina. A administração oral prévia do EBHF reduziu a resposta álgica induzida pela capsaicina de maneira semelhante à morfina, um analgésico opióide utilizado como controle positivo do teste. Utilizando ainda o teste das contorções abdominais para estudo do provável mecanismo de ação antinociceptivo do EBHF , foi verificado que o pré-tratamento com naloxona, um clássico antagonista de receptor opióide, não modificou a atividade do EBHF, quando comparado à morfina. Em condições experimentais semelhantes, a administração prévia de naloxona quatemária, um antagonista opióide periférico, bloqueou o efeito antinociceptivo do EBHF. Estes dados sugerem uma possível ação periférica na atividade antinociceptiva do EBHF

ASSUNTO(S)

plantas medicinais inflamação analgesia cancer

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