Atividade de Turnera diffusa Willd. e Turnera ulmifolia L. fornece suporte a indicação de flavonoides como nova fonte de moleculas farmacologicamente ativas para o tratamento de ulceras gastrointestinais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

T. ulmifolia e T. diffusa são plantas que pertencem à família Turnerácea encontrada em países de clima tropical e subtropical, inclusive no Brasil. Estas plantas são utilizadas na medicina popular do México, Estados Unidos, Ilhas do Caribe e Brasil para o tratamento de diversas patologias incluindo disfunções sexuais, inflamação e distúrbios gástricos e intestinais. No Brasil e na maioria destes países T. ulmifolia e T. diffusa são conhecidas popularmente como Chanana e Damiana, respectivamente. Os efeitos toxicológicos agudos dos extratos de diferentes polaridades e dos infusos obtidos a partir das partes aéreas de cada espécie foram analisados e testados em diferentes doses, e nenhuma morte ou sinal de toxicidade foi observada até a dose de 5000 mg/kg, administrada por via oral, em camundongos. Estas amostras foram também testadas em diferentes experimentos de indução de úlcera gástrica em camundongos tais como o modelo de estresse, indometacina e betanecol, HCl/etanol e ligadura do piloro além de modelos de indução de úlcera duodenal e úlcera crônica em ratos, para avaliação de seu potencial antiulcerogênico. Os extratos administrados em dose de 100 mg/kg e os infusos administrados em doses de 100, 250, 500 e 1000 mg/kg, por via oral ou intraduodenal, inibiram as lesões induzidas pelo HCI/etanol; pelo estresse e aquelas induzidas por indometacina e betanecol, em camundongos. Estas amostras também alteraram os parâmetros bioquímicos da secreção gástrica, aumentando o pH do conteúdo gástrico e diminuindo a quantidade de íons H+ no suco gástrico. Em relação aos infusos, ambos não foram eficazes em inibir o aparecimento de úlceras duodenais em ratos, mas foram eficazes em inibir o desenvolvimento da colite aguda nesta mesma espécie. A análise bioquímica das amostras de cólon destes animais revelou que o tratamento com o infuso de T. ulmifolia foi eficaz em aumentar os níveis de glutationa total no tecido lesado enquanto que o tratamento com o infuso de T. diffusa foi eficiente em diminuir os níveis de mieloperoxidase no tecido colônico. Ambos infusos, em doses de 500 e 1000 mg!kg, foram eficientes em reduzir a área da lesão ulcerativa crônica em estômago de ratos após 14 dias consecutivos de tratamento, por via oral. A análise da produção de muco na mucosa gástrica dos animais revelou que a administração dos infusos foi eficaz em aumentar a quantidade de muco livre nesta mucosa. O tratamento com os infusos também foi eficaz em impedir a degradação de prostaglandinas citoprotetoras na mucosa gástrica quando um potente inibidor da cic1ooxigenase foi previamente administrado aos animais. Em relação aos ensaios da atividade antioxidante in vitro foi demonstrado que os infusos de T. diffusa e T. ulmifolia inibem a peroxidação lipídica das membranas isoladas de figado de ratos. A IC50 obtida para cada infuso foi de 7,18 e 16,4 ug/ml, respectivamente, confirmando, o potencial antioxidante dos compostos químicos presentes em cada espécie. A análise dos resultados sugere que os mecanismos de ação relacionados a atividade antiulcerogênica e antiinflamatória intestinal apresentadas estão relacionados com o aumento e manutenção dos mecanismos de defesa da mucosa gástrica, tais como a produção de muco, manutenção da síntese de prostaglandina e atividade antioxidante dos compostos presentes em cada amostra vegetal. Ensaios fitoquímicos revelaram que os compostos majoritários encontrados em ambos infusos são flavonas derivadas da luteolina e apigenina. A análise dos resultados e, as informações fitoquímicas obtidas, em comparação às informações contidas em literatura específica permitem concluir que, os resultados farmacológicos obtidos com a administração dos infusos de T. ulmifolia e T. diffusa estão diretamente relacionados à presença dos flavonóides identificados em cada infuso. A baixa toxicidade observada em experimentos in vivo e os resultados farmacológicos obtidos confirmam as indicações populares das espécies para o tratamento de inflamações intestinais e úlceras gástricas, indicando que o gênero Turnera constitue-se em uma nova fonte de flavonóides farmacologicamente ativos para o tratamento distúrbios digestivos em geral

ASSUNTO(S)

plantas medicinais flavonoides ulcera gastrica

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