Aspectos celulares da cartilagem epifisaria de rãs : elementos envolvidos nos processos de calcificação e crescimento osseo

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Os anfibios anuros ocupam uma posição inferior na escala evolutiva dos vertebrados e, além disso, apresentam uma postura de repouso e um modo de locomoção bem característico. Estas características certamente influenciam a estrutura, composição e organização da matriz extracelular dos ossos, cartilagens e tendões. Estudos sobre a estrutura da cartilagem epifisária destes animais têm revelado que esta cartilagem difere em vários aspectos do modelo descrito para aves e mamíferos. As duas principais diferenças consistem na localização da cartilagem de crescimento no interior do tubo ósseo metafisário e na existência de uma expansão lateral da cartilagem articular, cobrindo a face externa da extremidade do osso periosteal. Os estudos realizados por diferentes autores sugeriram a existência de um mecanismo de crescimento ósseo menos dependente da cartilagem de crescimento e mais relacionado com a atividade dos osteoblastos no periósteo. Ou seja, o crescimento longitudinal dos ossos longos ocorre por ossificação periosteal e não por ossificação endocondral. Além disso_ foram encontrados_ nos anuros, sítios ectópicos de calcificação na cartilagem articular. Considerando que estas características dos anuros diferem enormemente dos modelos conhecidos para aves e mamíferos, fazia-se relevante um estudo mais detalhado sobre a estrutura da cartilagem epifisária e sobre o crescimento dos ossos longos destes animais. Neste sentido, este projeto teve por objetivo caracterizar os aspectos celulares das diferentes regiões da cartilagem epifisária de Rana catesbeiana envolvidos com o crescimento ósseo e com a calcificação da cartilagem articular. Especial atenção, portanto, foi dispensada às características dos condrócitos da cartilagem de crescimento e dos osteoblastos no periósteo. Para isto, foram empregadas análises citoquímicas, cito químicas enzimáticas, imunocitoquímicas, de incorporação de marcadores de cálcio fluorescentes e de morte celular, além de análises ultra-estruturais. Os resultados obtidos, apresentados na forma de artigos, demonstraram que: 1) em Rana catesbeiana, entre a face interna da projeção lateral da cartilagem articular e a face externa da extremidade do osso periosteal, existe uma estrutura fibrosa complexa e especializada, denominado ligamento osteocondral. Este ligamento é constituído de duas regiões distintas, com células e matriz extracelular diferenciadas, exibindo um arranjo de fibras de colágeno e de células que permite a esta estrutura, ao mesmo tempo, garantir uma firme e flexível ancoragem da cartilagem articular no osso periosteal e promover o crescimento ósseo em comprimento e espessura; 2) a ossificação endocondral é um evento tardio e não desempenha um papel essencial no desenvolvimento e crescimento dos ossos longos nestes animais. Entretanto, quando estes animais crescem e ganham peso, aparentemente, a ossificação endocondral está presente, reforçando as extremidades ósseas. Além disso, a hipertrofia e morte dos condrócitos bem como a atividade de fosfatase alcalina e a calcifícação da matriz extracelular não estão diretamente associadas entre si e nem à formação de trabéculas ósseas; 3) a calcificação da cartilagem articular é um processo fisiológico nestes animais, aparecendo logo após a metamorfose e sendo estimulada por forças de compressão. Além disso, esta calcificação parece estar relacionada à formação de uma estrutura similar ao centro secundário de ossificação, encontrado nos animais com 4 anos pós-metamorfose

ASSUNTO(S)

ossos calcificação cartilagem

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