Aspectos celulares da cartilagem epifisaria de rãs : elementos envolvidos nos processos de calcificação e crescimento osseo
AUTOR(ES)
Sergio Luis Felisbino
DATA DE PUBLICAÇÃO
2001
RESUMO
Os anfibios anuros ocupam uma posição inferior na escala evolutiva dos vertebrados e, além disso, apresentam uma postura de repouso e um modo de locomoção bem característico. Estas características certamente influenciam a estrutura, composição e organização da matriz extracelular dos ossos, cartilagens e tendões. Estudos sobre a estrutura da cartilagem epifisária destes animais têm revelado que esta cartilagem difere em vários aspectos do modelo descrito para aves e mamíferos. As duas principais diferenças consistem na localização da cartilagem de crescimento no interior do tubo ósseo metafisário e na existência de uma expansão lateral da cartilagem articular, cobrindo a face externa da extremidade do osso periosteal. Os estudos realizados por diferentes autores sugeriram a existência de um mecanismo de crescimento ósseo menos dependente da cartilagem de crescimento e mais relacionado com a atividade dos osteoblastos no periósteo. Ou seja, o crescimento longitudinal dos ossos longos ocorre por ossificação periosteal e não por ossificação endocondral. Além disso_ foram encontrados_ nos anuros, sítios ectópicos de calcificação na cartilagem articular. Considerando que estas características dos anuros diferem enormemente dos modelos conhecidos para aves e mamíferos, fazia-se relevante um estudo mais detalhado sobre a estrutura da cartilagem epifisária e sobre o crescimento dos ossos longos destes animais. Neste sentido, este projeto teve por objetivo caracterizar os aspectos celulares das diferentes regiões da cartilagem epifisária de Rana catesbeiana envolvidos com o crescimento ósseo e com a calcificação da cartilagem articular. Especial atenção, portanto, foi dispensada às características dos condrócitos da cartilagem de crescimento e dos osteoblastos no periósteo. Para isto, foram empregadas análises citoquímicas, cito químicas enzimáticas, imunocitoquímicas, de incorporação de marcadores de cálcio fluorescentes e de morte celular, além de análises ultra-estruturais. Os resultados obtidos, apresentados na forma de artigos, demonstraram que: 1) em Rana catesbeiana, entre a face interna da projeção lateral da cartilagem articular e a face externa da extremidade do osso periosteal, existe uma estrutura fibrosa complexa e especializada, denominado ligamento osteocondral. Este ligamento é constituído de duas regiões distintas, com células e matriz extracelular diferenciadas, exibindo um arranjo de fibras de colágeno e de células que permite a esta estrutura, ao mesmo tempo, garantir uma firme e flexível ancoragem da cartilagem articular no osso periosteal e promover o crescimento ósseo em comprimento e espessura; 2) a ossificação endocondral é um evento tardio e não desempenha um papel essencial no desenvolvimento e crescimento dos ossos longos nestes animais. Entretanto, quando estes animais crescem e ganham peso, aparentemente, a ossificação endocondral está presente, reforçando as extremidades ósseas. Além disso, a hipertrofia e morte dos condrócitos bem como a atividade de fosfatase alcalina e a calcifícação da matriz extracelular não estão diretamente associadas entre si e nem à formação de trabéculas ósseas; 3) a calcificação da cartilagem articular é um processo fisiológico nestes animais, aparecendo logo após a metamorfose e sendo estimulada por forças de compressão. Além disso, esta calcificação parece estar relacionada à formação de uma estrutura similar ao centro secundário de ossificação, encontrado nos animais com 4 anos pós-metamorfose
ASSUNTO(S)
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