ASPECTOS ANATOMOPATOLÓGICOS DA LEPTOSPIROSE EM CÃES / PATHOLOGICAL ASPECTS OF LEPTOSPIROSIS IN DOGS

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/02/2012

RESUMO

Leptospirose é uma zoonose causada por espiroquetas do gênero Leptospira e constitui uma das mais importantes doenças de distribuição mundial. Embora leptospirose seja reconhecidamente uma das doenças infecciosas mais frequentemente descritas em cães, não existem critérios morfológicos para a realização do diagnóstico definitivo com base apenas na necropsia. Assim, o objetivo principal deste trabalho é estabelecer critérios anatomopatológicos para o diagnóstico da leptospirose. Os arquivos de necropsia do Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria (LPV-UFSM) foram acessados e todos os casos diagnosticados como leptospirose entre os anos de 1965 e 2011 foram revisados (n=135). Foi realizada imuno-histoquímica para confirmação do diagnóstico definitivo apenas nos casos em que o tecido renal foi considerado viável em quantidade e qualidade (n=79). Os casos positivos foram identificados e correspondem aos resultados aqui demonstrados (n=53). Na necropsia, as principais lesões observadas incluíram icterícia (79,2%) e hemorragia (75,5%), principalmente no pulmão (56,6%). Alterações macroscópicas hepáticas (56,6%) e renais (50,9%) foram frequentes e caracterizavam-se principalmente por descolorações (30,2% e 32,1% respectivamente), acentuação do padrão lobular hepático (26,4%) e estriações brancas na superfície de corte dos rins (22,6%). Lesões extrarrenais de uremia ocorreram na metade dos casos (50,9%). Hepatomegalia (11,3%), nefromegalia (9,4%) e irregularidade da superfície capsular dos rins (3,8%) foram menos comuns. Na histologia dos rins (n=53), as lesões encontradas (98,1%) foram quase que exclusivamente agudas ou subagudas (96,2%) e caracterizavam-se por graus variados nefrose tubular (86,8%) e nefrite intersticial não supurativa (60,4%), com evidente dissociação degenerativo-inflamatória. Na histologia do fígado (n= 42), as lesões encontradas (97,6%) eram constituídas principalmente por dissociação dos cordões de hepatócitos (78,6%), colestase intracanalicular (33,3%) e necrose hepática (31%). Lesões reativas, como hipertrofia das células de Kupffer, leucocitostase sinusoidal e infiltrado inflamatório mononuclear nos espaços porta, foram vistas em muitos casos (42,8%). Na histologia do pulmão (n=28), hemorragia (85,7%) e edema (57,1%) alveolares foram muito prevalentes. Neutrófilos e macrófagos nos espaços alveolares (35,7%) e neutrófilos no interior de pequenos vasos pulmonares (17,9%) também foram achados frequentes. Os resultados aqui demonstrados devem servir de alerta aos patologistas veterinários brasileiros, pois a apresentação anatomopatológica da leptospirose canina em nossa região (Região Central do Rio Grande do Sul, Brasil) não se modificou nos últimos 50 anos, mantendo-se semelhante àquela descrita internacionalmente até a década de 1980, mas muito diferente do que é atualmente reconhecido para os Estados Unidos, o Canadá e parte da Europa Ocidental. Recomendamos que os critérios histopatológicos para o diagnóstico da leptospirose canina devem incluir a presença concomitante de nefrite tubulointersticial aguda ou subaguda, hepatite reativa não específica e lesão alveolar difusa, incluindo hemorragia alveolar difusa com capilarite, em cães que durante a necropsia demonstrem icterícia, hemorragias e lesões extrarrenais de uremia na ausência de esplenomegalia.

ASSUNTO(S)

leptospira icterohemorrhagiae leptospirose patologia doenças de cães infectologia medicina veterinaria diseases of dogs. infectology. pathology. leptospirosis. leptospira icterohemorrhagiae.

Documentos Relacionados