ASLO positivo é diagnóstico de Febre Reumática?
AUTOR(ES)
Núcleo de Telessaúde NUTES PE
FONTE
Núcleo de Telessaúde NUTES PE
DATA DE PUBLICAÇÃO
12/06/2023
RESUMO
MANIFESTAÇÃO
CRITÉRIOS DE JONES PARA POPULAÇÕES DE BAIXO RISCO
CRITÉRIOS DE JONES PARA POPULAÇÕES DE ALTO RISCO
GUIDELINE AUSTRALIANO
GUIDELINE NEOZELANDÊS
Cardite clínica
maior
maior
maior
maior
Cardite subclínica (pelo ECO)
maior
maior
maior
maior
Poliartrite
maior
maior
maior
maior
Monoartrite
Não aplicado
maior
maior
maior
Poliartralgia
menor
maior
maior
menor
Monoartralgia
Não aplicado
menor
menor
Não aplicado
Coréia
maior
maior
maior
maior
Eritema marginado
maior
maior
maior
maior
Nódulos subcutâneos
maior
maior
maior
maior
Intervalo PR prolongado
menor
menor
menor
menor
Elevação de VHS ou PCR
menor
menor
menor
menor
Febre
menor
menor
menor
menor
O ASLO (Anticorpo antiestreptolisina O) é um anticorpo que o nosso organismo produz para combater o estreptococo durante ou logo após uma infecção de garganta. Portanto, ela serve apenas para dizer se a criança teve infecção por esta bactéria. Na ausência das manifestações típicas da Febre Reumática (FR), a ASLO não tem nenhum valor para o diagnóstico desta doença. Oitenta por cento das crianças com infecção de garganta pelo estreptococo apresentam elevação da ASLO, porém somente 3% delas poderão apresentar Febre Reumática.
Os títulos de ASLO podem variar com a idade, estações climáticas e áreas geográficas. Títulos de 200 a 300 unidades Todd/ml são comuns em crianças sadias na idade escolar; após uma faringite estreptocócica, o pico de resposta imune é alcançado em quatro a seis semanas (geralmente entre a segunda e terceira semana da FR). O teste pode manter níveis elevados por meses, mesmo após infecções estreptocócicas não complicadas. Os títulos do anticorpo diminuem rapidamente nos primeiros meses e, após o sexto mês, passam a cair lentamente.
Atualmente, para diagnosticar o primeiro surto de FR utilizam-se os critérios de Jones modificados. Esses critérios foram revistos para incluir o uso do ecocardiograma e definidos pela:
– American Heart Association (AHA) em 2015
– New Zealand Heart Foundation guideline em 2014
– Australian Acute Rheumatic Fever (ARF) guideline em 2012
Existem variações entre as diretrizes, mas em qualquer uma destas, para diagnosticarmos um surto inicial de febre reumática o paciente precisa apresentar, além de evidências laboratoriais de infecção pelo estreptococo do grupo A prévia (cultura de secreção de orofaringe ou aumento de ASLO/outros anticorpos estreptococicos),2 critérios maiores ou 1 maior e 2 menores.
Critérios de diagnóstico:
*Critérios de Jones estratifica por grupo de risco locais onde dados epidemiológicos fiáveis estão disponíveis:
-baixo risco: incidência <2 por 100.000 crianças com idades entre 5-14 anos por ano ou a prevalência de doença reumática cardíaca ≤ 1 por 1.000 habitantes por ano (AHA Classe IIa, Nível C)
-moderado/alto risco: crianças não pertencentes de modo claro à população de baixo risco (AHA Classe I Nível C)
LEITURA COMPLEMENTAR:
A Febre Reumática é uma doença inflamatória que ocorre após um episódio de amigdalite bacteriana tratada inadequadamente – pode atingir as articulações, o coração e o cérebro, deixando seqüelas cardíacas graves, com conseqüências por toda a vida e podendo levar à morte. A doença ocorre em surtos, se não for prevenida, e a cada surto aumenta a chance de ocorrerem lesões cardíacas graves.
A incidência de FR tem apresentado redução progressiva em todo o mundo, principalmente em países com melhores índices de desenvolvimento humano, onde tem chegado a níveis de controle quase pleno. Essa tendência foi observada mesmo antes da existência da penicilina e de certos agentes quimioterápicos, que mais tarde passaram a ser usados para controle das infecções estreptocócicas.
É possível que o controle da doença em países desenvolvidos esteja mais relacionado à melhoria das condições socioeconômicas do que tão somente à introdução de esquemas terapêuticos profiláticos.
No entanto, nos países em desenvolvimento, enquanto não se conseguir um melhor nível de desenvolvimento humano para a população, com menos desigualdade social, as profilaxias (primária e secundária) na atenção à saúde individual precisam ser adequadamente ministradas.
O uso sistemático de penicilina, adotado oficialmente desde 1954 pela OMS para a profilaxia da FR, é um exemplo de eficácia de intervenção preventiva, em razão dos excelentes resultados observados. Sabe-se que o tratamento precoce e adequado das faringoamigdalites estreptocócicas do grupo A com penicilina até o nono dia de sua instalação pode erradicar a infecção e evitar um primeiro surto de FR em um indivíduo suscetível – profilaxia primária- ou um novo surto em quem já teve a doença anteriormente – profilaxia secundária.
ASSUNTO(S)
apoio ao diagnóstico enfermeiro k71 febre reumática/cardiopatia antiestreptolisina febre reumática
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