As máquinas de complexidade: diálogo com Edgar Morin

AUTOR(ES)
FONTE

Educ. Pesqui.

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/09/2019

RESUMO

Resumo A presença da máquina como modelo de conhecimento tem assumido progressiva importância nas sociedades contemporâneas, sobretudo em razão do uso ampliado das máquinas cognitivas, as quais reconfiguram a organização das atividades produtivas, educativas, sociais e culturais. As consequências da utilização da máquina para o pensamento e fazer humanos, bem como a participação desse artefato como referência de funcionamento aos seres vivos e às sociedades são exploradas na obra O método , do filósofo e sociólogo francês Edgar Morin. Buscando compreender o significado da máquina ou, mais precisamente, do ser-máquina no pensamento complexo e confrontar as hipóteses de trabalho do doutorado intitulado A vida das máquinas: imaginário dos autômatos em O método de Edgar Morin, realizou-se uma entrevista com o autor no CNRS-Sorbonne, em Paris, atividade integrante do período de pesquisa desenvolvido na Universidade Grenoble Alpes e concluído na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Na entrevista, depois de esclarecer quais são as bases da noção de ser-máquina e suas peculiaridades em relação às abordagens cartesianas e lametrianas, o autor discorre sobre a importância do imaginário na produção do conhecimento e comenta as imagens pouco usuais que atribui às máquinas, como Pétrouchka. Por fim, Morin acentua a ideia de que os seres vivos são máquinas não triviais e não podem ser reduzidos aos determinismos que caracterizam as máquinas artificiais (artefatos), pois significativa parte de sua produção se dá a partir de processos criativos e auto-organizados.Abstract The presence of the machine as a model of knowledge has gained increasing importance in contemporary societies, especially because of the amplified use of cognitive machines that have reconfigured the organization of productive, educational, social, and cultural activities. Edgar Morin dissects in his work, La méthode, the consequences of using machines for human thought and action, as well as the consequences of this artifice being our reference for optimal human and societal functioning. An interview with this author was performed at CNRS-Sorbonne Paris as part of my PhD research, initially carried out at the University of Grenoble Alpes and concluded at the School of Education at the University of São Paulo. The goal of this interview was to better comprehend, in complexity theory, the meaning of the machine and, more precisely, of the machine-being, as well as to confront the hypothesis of my PhD thesis, named Machine Life: the imagery of machines in Edgar Morin’s La méthode. After clarifying the pillars of the concept machine-being and its peculiarities in regard to the works of Descartes and La Mettrie, the author discoursed about the importance of imagery in the production of knowledge and mentioned the unusual images that he attributes to machines, such as Pétrouchka. Finally, Morin emphasizes the notion that human beings are non-trivial machines and must not be reduced to the determinisms that portray artificial machines (artifices), since most of human production occurs through creative and self-organized processes.

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