As intervenções realizadas em Atenção Primária são efetivas na promoção da amamentação?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

Qualquer forma de apoio

Cessação da amamentação aos seis meses

RR de 0,91 (IC95% 0,86 a 0,96)

Cessação da amamentação exclusiva antes dos 5 meses

RR de 0,81 (IC95% 0,74 a 0,89)

Apoio profissional

Cessação da amamentação aos quatro meses

RR de 0,78 (IC95% 0,67 a 0,91)

Cessação da amamentação aos seis meses

RR de 0,94 (IC95% 0,87 a 1,01)

Cessação da amamentação exclusiva

RR de 0,91 (IC95% 0,84 a 0,98)

Cessação da amamentação exclusiva antes das quatro a seis semanas

RR de 0,69 (IC95% 0,51 a 0,92)

Cessação da amamentação exclusiva antes até os dois meses

RR de 0,76 (IC95% 0,61 a 0,94)

Cessação da amamentação exclusiva até os três meses

RR de 0,84 (IC95% 0,72 a 0,99)

Apoio não profissional

Cessação da amamentação aos seis meses

RR de 0,86 (IC95% 0,76 a 0,98)

Cessação da amamentação exclusiva aos seis meses

RR de 0,72 (IC95% 0,57 a 0,90)

Cessação da amamentação exclusiva antes das quatro a seis semanas

RR de 0,66 (IC95% 0,46 a 0,96)

Cessação da amamentação exclusiva até os dois meses

RR de 0,44 (IC95% 0,26 a 0,73)

Cessação da amamentação exclusiva antes ds três meses

RR de 0,42 (IC95% 0,31 a 0,57)

Apoio profissional e não-profissional combinado

Cessação da amamentação

RR de 0,84 (IC95% 0,77 a 0,92)

Cessação da amamentação antes das quatro a seis semanas

RR de 0,65 (IC95% 0,51 a 0,82)

Cessação da amamentação antes dos dois meses

RR de 0,74 (IC95% 0,66 a 0,83)

Cessação da amamentação exclusiva

RR de 0,62 (IC95% 0,50 a 0,77)

Apoio pré-natal

Cessação da amamentação

RR de 0,92 (IC95% 0,83 a 1,02)

Apoio pós-natal

Cessação da amamentação

RR de 0,89 (IC95% 0,84 a 0,96)

Os apoios, tanto profissional quanto não profissional, foram efetivos em prolongar a amamentação, mas seus efeitos sobre o aleitamento materno exclusivo não está claro (I-A).

Uma revisão que incluiu 34 estudos de 14 diferentes países (incluindo Canadá, EUA, Reino Unido – 6 estudos; Brasil – 4 estudos; Bangladesh e Austrália – 2 estudos; Índia, Nigéria, Itália, Países Baixos, Bielorrúsia, México e Suécia – 1 estudo), o que aumenta a validade externa das informações, principalmente no contexto da amamentação, que possui componentes culturais e econômicos importantes.

Não foram descritas as formas de apoio estudadas (métodos utilizados ou capacitação dos profissionais e não-profissionais envolvidos).

As medidas de efeito, apesar de apresentarem resultados, na maioria pequenos, podem dar uma noção dos benefícios da educação em saúde para gestantes e lactantes, contexto muito importante nas políticas públicas da Atenção Primária à Saúde no Brasil.

As participantes incluídas nas revisões foram as com intenção de amamentar. Não se avaliou se as que não teriam essa intenção mudariam seu comportamento diante das intervenções. Questão importante, pois elas podem ser consideradas população talvez prioritária para intervenções que incentivem a amamentação.

 

Foram incluídos na revisão Ensaios Clínicos Randomizados, ou quase randomizados, com ou sem cegamento e com acompanhamento mínimo de 75%. As participantes foram gestantes e mulheres no pós-parto com intenção de amamentar e aquelas já amamentando. As intervenções incluídas tratavam de apoio profissional ou não-profissional, tanto nos períodos pré ou pós-natal, objetivando a facilitação do aleitamento materno e sua manutenção. Foram excluídas as intervenções exclusivamente realizadas no período pré-natal, ou descritas como de natureza exclusivamente educativas. Foram registrados os desmames antes das quatro a seis semanas e dois, três, quatro, seis, nove e doze meses. Também foram estudadas a amamentação exclusiva, morbidade neonatal e infantil e as medidas de satisfação materna em relação ao método de atenção ou de alimentação. Foram incluídos, então, 34 estudos de 14 países, com um total de 29.385 pares de mãe/filho.

Quando se avaliou o resultado geral sobre a amamentação no final de seis meses, viu-se que qualquer forma de apoio adicional mostrou um benefício. Avaliou-se, também, a ocorrência de amamentação neste período, de acordo com a prevalência de lactação no início do estudo. Não houve uma influência considerável nas categorias de alta e baixa taxa (maiores que 80% e menores que 40%, respectivamente), mas com efeitos significativos nas com taxas intermediárias (de 60% a 80%).

A influência do apoio profissional se mostrou protetora do desmame apenas até os quatro meses em cinco ECR, sendo não significativa até os seis meses. Em relação à amamentação exclusiva o apoio profissional se mostrou protetor, principalmente nos primeiros meses (até os três meses).

Os ensaios que utilizaram apoio não-profissional também demonstraram efeito protetor contra o encerramento da amamentação, tanto geral, quanto exclusiva, no momento da última avaliação do estudo. Em relação ao efeito temporal, a proteção geral foi demonstrada até o quarto mês e da exclusiva dentro dos três primeiros meses.

A utilização de ambos os apoios (profissionais e não-profissionais) também mostrou redução significativa no encerramento de qualquer forma de amamentação, especialmente nos dois primeiros meses. Dois estudos pequenos, com algumas questões metodológicas a serem observadas, mostraram proteção contra o encerramento da amamentação exclusiva.

Em relação ao momento da realização do apoio, quando realizado no pré-natal não mostrou efeito significativo, diferentemente de se realizado no pós-natal somente, que se mostrou significativa.

Também foi visto que ao se avaliar dentro das classes sociais, as mais desfavorecidas apresentaram RR de desmame mais baixo, comparadas ao controle de mesma classe.

ASSUNTO(S)

promoção da saúde a45 educação em saúde/aconselhamento/dieta aleitamento materno atenção primária à saúde 1a – estudos de revisão sistemática / ou estudos ensaios clínicos randomizados (ecr)

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