AS ADAPTAÇÕES DOS ÍNDIOS TUKANO E MAKU-HUPDU NO RIO TIQUIÉ: NICHOS ECOLÓGICOS DISTINTOS OU COMPETIÇÃO POR RECURSOS?

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

31/07/2009

RESUMO

O Rio Tiquié tem nascentes na Colômbia e no Brasil drenam a região da Terra Indígena do Alto Rio Negro, e provêem fontes adequadas de proteínas aos povos indígenas há séculos num ecossistema pobre em nutrientes (Moran, 1991; Milton, 1984; Jackson, 1983; Gross, 1975). Os índios ribeirinhos Tukano e os índios semi-nômades da floresta Maku-hupdu desenvolveram um sistema social e comercial complexo, baseado numa estrutura hierárquica descrita como sendo de escravidão (Koch-Grünberg, 2005) a patrão cliente (Epps, 2005; Milton, 1984), serventes e trabalhadores (Gentil, 2005). Mas, esforços recentes de missionários católicos e agências do governo têm encorajado o estabelecimento de aldeias permanentes para os Maku-hupdu na região (Milton 1984). Este estudo visou determinar quais as adaptações de populações de Makuhupdu e Tukano na região, e saber se ocupam nichos ecológicos distintos ou se estão competindo por recursos no ecossistema. Para isso, foram feitos levantamentos das quantidades, tamanhos e variedades e tempo gasto na obtenção de alimentos em aldeias Desâna no Igarapé Cucura, assim como nos povoados adjacentes da etnia Maku-hupdu. Os dados foram usados para analisar a largura dos nichos ocupados pelos dois povos. Esta pesquisa documenta uma grande alteração no padrão de subsistência em duas das três aldeias da etnia Maku-hupdu, ao passar da caça tradicional a um sistema de pesca e horticultura que é praticamente indistinto dos seus vizinhos dos povos Tukano. Esta pesquisa identifica um declínio importante no consumo protéico entre todas as comunidades pesquisadas quando comparada com os dados históricos apresentados por Milton (1984). A quantificação da largura do nicho sugere fortemente que o declínio observado nos recursos protéicos está associado a um aumento na sobreposição dos nichos de subsistência (como resultado das mudanças culturais já mencionadas) dos povos Makuhupdu e Tukano deste ecossistema pobre em nutrientes. Por fim, a presente pesquisa examina as implicações teóricas e práticas da adaptação (ou maladaptação) cultural e ecológica nesta reserva indígena no Brasil,

ASSUNTO(S)

Índios maku-hup du Índios tukano populações ribeirinhas. ecologia

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