Araneofauna (Arachnida; Araneae) do Parque Estadual do Turvo, Rio Grande do Sul, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Biota Neotropica

DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A região Neotropical é considerada pouco amostrada com relação à sua araneofauna, carecendo de inventários padronizados que possam servir de base para estudos de biodiversidade. As aranhas são consideradas como importantes componentes dos ecossistemas florestais e aparentam ser organismos ideais para estudos de padrões de biodiversidade. Neste estudo foi efetuado um levantamento da riqueza e composição da fauna de aranhas do Parque Estadual do Turvo, Rio Grande do Sul, Brasil, local que protege o único remanescente representativo da Floresta do Alto Uruguai no Brasil. Foram realizadas quatro expedições semestrais, durante dois anos, no outono e na primavera (2003-2005). Como principal técnica de coleta foi empregado o guarda-chuva entomológico, com o qual amostou-se a vegetação arbóreo-arbustiva da borda da floresta nas estradas internas do Parque. Adicionalmente, foram utilizadas armadilhas de solo, extratores de Winckler, coletas manuais noturnas e amostragens aleatórias. Índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) e curvas de rarefação foram calculados para as coletas com o guarda-chuva entomológico. Incluindo todos os métodos, foram coletadas 8724 aranhas pertencentes a 37 famílias. Cerca de 34% (2946) constituíram-se de aranhas adultas, pertencentes a 31 famílias, 157 gêneros e 447 morfoespécies. A maior riqueza de espécies foi registrada para Salticidae (23%), seguida de Araneidae (18%), Theridiidae (16%) e Thomisidae (9%). Nas amostragens com guarda-chuva entomológico foram registradas 29 famílias; as mais abundantes (incluindo jovens) foram: Salticidae (23%), Araneidae (18%), Thomisidae (14%), Theridiidae (12%) e Anyphaenidae (12%). Dezenove espécies apresentaram abundância superior a 1% do total de indivíduos adultos coletados com esta metodologia. As mais abundantes, foram Thwaitesia affinis O. P.-Cambridge, 1881 (Theridiidae), Tariona sp. 1 (Salticidae) e Misumenops argenteus (Mello-Leitão, 1929) (Thomisidae). Nas primaveras registraram-se as maiores abundâncias de adultos e maiores riquezas de espécies; já, a diversidade de Shannon-Wiener (H’) foi maior em ambos os períodos de outono, devido ao menor número de singletons registrados. As curvas de rarefação não alcançaram a assíntota, sugerindo a existência de espécies não amostradas. A riqueza de aranhas registrada neste levantamento é a maior já encontrada para o Rio Grande do Sul, e a segunda maior registrada para o Brasil. Estes resultados denotam a importância deste ecossistema na conservação da biodiversidade do país.

ASSUNTO(S)

aranhas inventário neotropical biodiversidade

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