Aplicabilidade do 137CS para medir erosão do solo : modelos teóricos e empíricos

Avacir Casanova Andrello

A aceleração do processo de erosão do solo, com o conseqüente aumento na taxa de erosão devido às perturbações antropogênicas no equilíbrio solo-vegetação-clima, têm influenciado na qualidade do solo e no cenário ambiental. Desse modo, predizer a magnitude e severidade dos impactos da erosão do solo sobre a produtividade da biomassa e na qualidade do meio ambiente é importante tanto em escala local quanto regional e global. Vários modelos tem sido desenvolvidos para avaliar a erosão do solo tanto qualitativa quanto quantitativamente. O 137Cs, um radionuclídeo antropogênico, tem sido muito utilizado para avaliar a erosão do solo. Tanto modelos empíricos quanto modelos teóricos foram desenvolvidos tendo como base a redistribuição de 137Cs como indicador do movimento do solo pelo processo erosivo. Estes modelos incorporam vários parâmetros que podem influenciar na quantificação das taxas de erosão através da medida do 137Cs. Foi realizado um estudo estatístico sobre os modelos recomendados para avaliar o efeito que cada parâmetro exerce sobre os resultados de redistribuição de solo. Verificou-se que os parâmetros mais importantes são a redistribuição de 137Cs e o fator de correção de partícula, sendo que o efeito do primeiro é da ordem do dobro do segundo, o que indica a necessidade de uma boa determinação dos inventários de 137Cs buscando minimizar os desvios associados a estes valores. Conhecendo-se a significância de cada parâmetro, foi associado um desvio de 10% no valor do inventário de referência de 137Cs e de 5% no valor do inventário de 137Cs do ponto amostrado, e gerados os desvios nos resultados de redistribuição de solo determinados pelos modelos recomendados, realizando-se uma detalhada comparação entre os modelos. Não houve diferença significativa entre os valores determinados de redistribuição de solo pelos modelos recomendados, a não ser acima de 70% de perda de 137Cs. Portanto, é aconselhável utilizar os modelos mais simples e fáceis de manipular, como o modelo proporcional, para avaliar a redistribuição de solo, os quais geram resultados iguais, dentro dos desvios, aos dos modelos mais sofisticados. Analisando-se três matas nativas e uma área de pastagem não perturbada na região de Londrina, pode-se verificar que a variabilidade espacial local de 137Cs está em torno de 15%. Além disso, comparando os valores dos inventários de 137Cs determinados para as matas e para a área de pastagem, pode-se concluir que o inventário de 137Cs determinado em mata nativa pode ser representativo do inventário de referência de 137Cs. Utilizando o inventário de 137Cs determinado para uma área de pastagem nativa da região de Porto Alegre, pode-se determinar que a variabilidade espacial regional entre Londrina e Porto Alegre está em torno de 15%, enquanto que a variabilidade espacial regional entre Londrina e Piracicaba está em torno de 37%, quando é utilizado um inventário de 137Cs determinado em área de gramado na região de Piracicaba. Utilizando parcelas de erosão da área experimental do IAPAR de Londrina, pode-se verificar que o modelo proporcional é um bom modelo para determinar a redistribuição de solo, porém quando foram utilizadas as parcelas de erosão da área experimental da UFRGS, isto já não foi tão evidente. Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que, embora haja influência dos parâmetros incorporados nos modelos, a variabilidade espacial do 137Cs gera desvios nos modelos que, em certos níveis de perda de solo, não apresentam diferença significativa nos resultados gerados por todos os modelos. Desse modo, ainda é aconselhável utilizar o modelo proporcional, o mais simples de aplicar, o qual, dentro dos desvios, apresenta resultados iguais aos modelos mais refinados.

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