Análise petrológica e sísmica dos controles sobre a deposição dos sistemas arenosos de águas profundas da Bacia de Campos

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A Bacia de Campos, localizada na margem continental sudeste do Brasil, é a principal província petrolífera do país. Sistemas arenosos de águas profundas formados entre o Albiano e o Mioceno, durante a fase de margem divergente da bacia, genericamente designados como turbiditos, contém a maior parte das reservas de hidrocarbonetos. Ao contrário da tendência de aumento de maturidade petrográfica esperada para uma margem continental geodinamicamente passiva, os turbiditos da Bacia de Campos apresentam uma recorrente imaturidade composicional e textural dada por granulometria modal nas frações areia média e grossa e por alta proporção de feldspatos. Para o entendimento dos processos que controlaram o suprimento de areia para os ambientes de águas profundas da Bacia de Campos foi utilizada uma metodologia integrada baseada na petrografia quantitativa dos turbiditos pelo método Gazzi-Dickinson de contagem de pontos, na análise estrutural da deformação produzida por tectônica de embasamento através de atributos sísmicos, e na restauração de seções de estruturas distencionais produzidas por tectônica salífera. A petrografia quantitativa evidenciou as tendências gerais e a organização interna dos parâmetros petrográficos dos turbiditos, além de permitir a definição de duas classes de sitemas de acordo com sua maturidade textural e composicional. A análise estrutural de dados sísmicos indicou quatro fases de reativação transcorrente do embasamento durante o estágio de margem divergente da Bacia de Campos. A restauração de seções mostrou que a tectônica salífera também tem sido episódica na Bacia de Campos, com quatro pulsos de alta taxa de distensão correlacionáveis com os eventos de reativação do embasamento, sugerindo que a tectônica salífera rasa tem sido controlada pela tectônica de embasamento. A integração entre os dados da petrografia quantitativa e da análise tectônica possibilitou a definição dos controles que atuaram durante a deposição dos sistemas arenosos de águas profundas durante a fase de margem passive da Bacia de Campos. Ficou evidente que esta sedimentação foi condicionada pela evolução paleogeográfica da margem continental sudeste do Brasil, com a alternância de controle eustático e geodinâmico. O controle eustático, associado com ciclos de alta frequência relacionados à dinâmica interna da bacia e possivelmente a oscilações climáticas, ocorreu em períodos de calma tectônica e recuo de escarpa, com relevo costeiro relativamente rebaixado e larga plataforma marinha rasa. Os sistemas de águas profundas controlados eustaticamente são caracterizados por turbiditos relativamente maturos, depositados no trato de sistemas de mar baixo. Por sua vez, o condicionamento geodinâmico na sedimentação tem predominado durante períodos de rejuvenescimento fisiográfico produzido pela atividade geodinâmica ao longo da margem continental, caracterizados por relevo costeiro elevado e destruição da plataforma continental. O controle geodinâmico é associado com episódios climáticos de precipitação pluvial intensa e inundação dos sistemas fluviais montanhosos capazes de carregar sedimentos aluviais imaturos diretamente para os ambientes de águas profundas. Esta nova abordagem sobre os controles da deposição dos sistemas arenosos de águas profundas da Bacia de Campos é muito importante para a definição de modelos mais adequados para a exploração de novos reservatórios turbidíticos, bem como para o aumento da recuperação de petróleo dos reservatórios já descobertos. Em função da sua simplicidade, a metodologia proposta nesta tese pode ser facilmente aplicada para o entendimento dos controles da sedimentação de águas profundas em outras bacias de margem divergente.

ASSUNTO(S)

estratigrafia : campos, bacia de (rj) arenitos : campos, bacia de (rj) sedimentologia

Documentos Relacionados