Análise ergonômica do trabalho em um frigorífico típico da indústria suinícola do Brasil / Ergonomic analysis of work conducted in a typical pig industry frigorific in Brazil

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/08/2011

RESUMO

As empresas têm buscado cada vez mais estratégias que lhe garantam uma posição mais competitiva no mercado de atuação. Entre as estratégias adotadas destacam-se a saúde e bem estar do trabalhador, fatores atualmente valorizados por consumidores, principalmente aqueles de mercado mais exigentes. Com isso, o estudo da ergonomia passa ser de grande interesse, uma vez que se trata de um conjunto de ciências e tecnologias que procuram a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, buscando adaptar as condições de trabalho às características do homem. Objetivou-se então com este trabalho realizar, em um caso específico de um frigorífico típico da indústria suinícola do Brasil, uma análise ergonômica do trabalho, onde após realizar um diagnóstico do perfil dos trabalhadores da empresa, buscou-se avaliar a carga física de trabalho, os fatores ambientais (térmicos, acústicos e de iluminação), finalizando com uma analise biomecânica e postural seguida de propostas que minimizem e/ou eliminem os riscos diagnosticados, quando necessário, levando em consideração a aplicação das Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego. A coleta de dados se deu através de um questionário aplicado a uma amostra de funcionários dos setores avaliados e de medições e avaliações das tarefas envolvidas, durante os meses de dezembro de 2010 a fevereiro de 2011. Com a coleta e análise de dados pôde-se perceber que a maioria dos funcionários, 56,7% deles, considera seu trabalho monótono e repetitivo ou pesado, sendo que seria interessante que a empresa intensificasse sua política de rodízio de funções dentro de um mesmo setor, principalmente na sala de cortes, onde a maioria deles, 34,5% dos entrevistados, responderam que gostariam de mudar de atividade dentro do setor. Em relação ao período de sono diário, a maioria dos entrevistados, 71,6% considera que ele seja insuficiente, pois permanecem com sono no horário de trabalho e alegam que o principal motivo dessa falta de qualidade no sono seria o cansaço noturno ocasionado pelo trabalho exaustivo durante o dia. Ao serem perguntados sobre as dores no corpo, 20,9% responderam que possuem dores nas pernas, 19,4% possuem dores nas costas, 16,4% possuem dores nos braços e nas mãos e que 14,9% reclamam de dores no ombro. Apenas 2,9% dos entrevistados responderam que não possuem dor alguma no corpo. O principal motivo relacionado às dores no corpo é mencionado pelos trabalhadores como sendo o movimento repetitivo. A operação de maior exigência física entre todas as atividades avaliadas na empresa foi a de descer vísceras, localizada no setor de abate (zona limpa), que apresentou uma carga cardiovascular (CCV) de 33,93%, porém também abaixo do valor considerado limite conforme metodologia de Apud (1989), que é de 40%. Todos os valores de IBUTG para as atividades do setor de abate (zona suja) e abate (zona limpa) permaneceram acima dos valores limitados pela NR 15. Já em relação aos demais setores pôde-se observar que a temperatura média desses não variou muito, uma vez que a temperatura do ambiente era controlada e sempre abaixo do limite inferior da zona considerada de conforto, de 20C, o que já se esperava por se tratar de indústria alimentícia. Apesar dos valores obtidos para os níveis equivalentes de ruído, Leqs em muitos dos postos de trabalho serem superiores ao limite considerado pela NR 15 (1978), 85 dB (A) para 8 horas de trabalho, todos os trabalhadores faziam o uso do protetor auricular, cuja atenuação do ruído é de 14 dB (A) segundo informação do fabricante, o que faria com que os valores obtidos permanecessem inferiores aos 85 dB (A).Torna-se portanto interessante a verificação dessa atenuação de ruído pela empresa frigorífica. Os trabalhadores que realizavam as tarefas de raspagem geral do suíno e chamuscar do setor de abate (zona suja), as de arrastar as carcaças do setor de equalização, e as do setor de corte relacionadas à linha da paleta, estão sujeitos a um desconforto visual provocado pela insuficiência de iluminação nesses postos de trabalho. No que diz respeito à biomecânica, a postura do trabalhador analisada durante a atividade de puxar a paleteira no setor de expedição mostra que ninguém consegue desempenhar essa atividade sem oferecer risco de lesão à articulação do tornozelo e que somente 4% de trabalhadores são capazes de desempenhá-la sem risco de lesão à do joelho. Todas as atividades que foram avaliadas apresentaram forças de compressão no disco L5/S1 inferiores ao limite de 3.400 N. Em relação à análise postural as atividades de lançar o pacote de carne para a caixa de armazenamento, de bater caixa no setor de embalagens secundárias, as de empurrar o carrinho com carne (matéria-prima) para o embutimento das lingüiças no setor de cortes especiais e a de encher caixas para expedição foram classificadas na categoria 4, o que indica uma ação corretiva imediata. Já as atividades de empurrar suínos abatidos após máquina de depilação no setor de abate (zona suja), de arrastar carcaças da sala de equalização, as relacionadas a desossa (retirar paleta da esteira central, retirar e puxar o osso da paleta) no setor de corte, a de retirar o pacote com carne da esteira no setor de embalagens secundarias, as de bater caixa, de montar paletes e puxar paleteira para o interior das carretas foram classificadas na categoria 3, o que significa que necessitam de atenção a curto prazo. Todas as demais atividades foram classificadas na categoria 2 ou 1, indicando respectivamente uma verificação a longo prazo ou não sendo merecedoras de atenção.

ASSUNTO(S)

pig industry frigorific indústria suinícola engenharia agricola frigorífico ergonomia ergonomics

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