Análise dos critérios de aposentadoria, do Instituto Nacional do Seguro Social, na cardiopatia chagásica, no período de janeiro de 1994 a março de 1999, no município de Uberlândia, Minas Gerais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

A doença de Chagas, inicialmente rural, de populações pobres e pouco conhecimento, passou para a periferia das cidades com a crescente migração para áreas urbanas. Endemia de elevado custo sócio-econômico, a maioria dos pacientes assintomáticos são portadores da fase crônica da doença, trabalhando em serviços pesados, desenvolvendo a cardiopatia chagásica, principal causa de incapacidade laborativa ou morte. Fizemos uma avaliação dos critérios de aposentadoria dos segurados no período de 01/01/1994 a 31/03/1999, listados pelo Sistema Nacional de Informações da Previdência Social, comparando dados dos eletrocardiogramas e classe funcional da época da aposentadoria com os atuais, analisando a progressão da doença e possíveis fatores preditivos de pior prognóstico. Os critérios de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social são: cardiomegalia acentuada; insuficiência cardíaca congestiva; alterações do eletrocardiograma, como arritmia grave; bloqueio de ramo esquerdo do feixe de His; bloqueio de ramo direito associado ao bloqueio divisional ântero-superior do ramo esquerdo; fibrilação atrial e desnutrição importante pelas formas digestivas da doença. Pôde-se que dos 167 segurados analisados, 126 (75,45%) eram do sexo masculino; nos 54 (28%) já falecidos, predominou o sexo masculino 47 (87,03%), 51 certidões de óbito foram localizadas, 39 (76.47%) por doença de Chagas, 12 por outras causas e 3 declarações não foram encontradas. A idade média à época do requerimento dos benefícios foi de 52,05 ( 8,52) anos, estavam à época da avaliação com um tempo médio de benefício de 6,9 ( 2,8) anos e idade média de 60,30 ( 8,37) anos. Os óbitos ocorreram em média 4,16 ( 2,52) anos após o início do benefício e idade média de 56,41 ( 9,54) anos. Dentre as profissões e ocupações houve um predomínio de motoristas, serviços gerais e braçais. Analisando as alterações dos eletrocardiogramas, encontramos os bloqueios intraventriculares 99 (68,75%) com predomínio do bloqueio completo de ramo direito associado ao bloqueio divisional ântero-superior esquerdo 48 (33,33%), extra-sístoles 85 (59,02%) predominando as ventriculares 69 (47,91%). Comparando os eletrocardiogramas da época da aposentadoria nos óbitos, com os que estavam vivos, tivemos as extra-sístoles ventriculares e alterações de repolarização ventricular em números superiores, estatisticamente significantes. Em 93 segurados reavaliamos a classe funcional e o eletrocardiograma, analisando a progressão da doença. Não houve nenhum paciente capaz dentre os que foram examinados; alguns estão evoluindo bem, após deixarem viii os esforços físicos. O bloqueio completo de ramo direito associado ao bloqueio divisional ântero-superior esquerdo não demonstrou ser de maior gravidade, na ausência de sintomatologia, devendo ser tratados de maneira igual aos bloqueios isolados. Assim, sendo incapazes para grandes esforços e não trazendo riscos para si ou terceiros, não devem ter tratamento de invalidez como nos dias atuais. São fatores de maior gravidade, sexo masculino e alterações importantes como as extra-sístoles ventriculares, alterações de repolarização ventricular, cardiomegalia moderada e severa e insuficiência cardíaca, classe funcional III e IV.

ASSUNTO(S)

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