Analise de ressonancia magnetica em pacientes com epilepsia parcial : correlação entre lesões estruturais, semiologia e EEG

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

A epilepsia parcial é um problema comum de saúde no Brasil (1 a 2% da população geral). As epilepsias parciais acompanhadas de CPC representam, aproximadamente, 40% de todos os tipos de epilepsia em adultos e são freqüentemente resistentes a drogas anticonvulsivantes (40% podem apresentar um controle completo das crises com farmacoterapia adequada). Várias são as etiologias, variando desde fatores puramente genéticos e ambientais e em nosso meio, as doenças parasitárias, principalmente, a neurocisticercose. A definição precisa da causa da epilepsia e da(s) área(s) de início das crises é muito importante, pois estes fatores são essenciais para o plano terapêutico ao longo da vida do indivíduo, o que foi possível com o advento da RM de alta resolução. o objetivo deste estudo foi avaliar os tipos e localizações das alterações estruturais cerebrais pela RM e correlacionar com a sintomatologia ictal, exame neurológico, antecedentes patológicos e alterações eletrencefalográficas, em 100 pacientes consecutivos que realizaram exame de RM com diagnóstico de epilepsia parcial, no período de abril à setembro de 1998, nos ambulatórios de epilepsia do HC-UNICAMP, assim como correlacionar a sensibilidade e especificidade entre TC e RM, tanto em leitura de filmes convencionais como na RMP em estação de trabalho acoplada ao sistema. Foram feitas anamneses, com antecedentes patológicos, caracterização das crises epilépticas e apurados exames físicos gerais e neurológico, associados à investigação eletrencefalográfica detalhada. As imagens da RM foram obtidas em um aparelho de 2T, com aquisição nos planos coronal, sagital e axial, ponderadas em TI e T2w e com reconstrução multiplanar em 3D (volumétrica), em uma estação de trabalho. As análises das RMs foram avaliadas de forma detalhada, verificando a topografia e extensão das lesões, quer regionais ou à distância e foram analisadas de forma "cega" em relação aos dados clínicos. Os pacientes foram separados em 11 grupos, segundo uma classificação etiológica estabelecida pela RM. A EMT foi responsável pelo maior grupo (39%), com 17,6% de convulsões febris e o sexo feminino foi predominante (63%).A idade média concentrou-se nas 33 e 43 décadas e início das crises na 13. As lesões glióticas apareceram nos grupos A G/EMT e A G, mais evidentes nas zonas de fronteiras arteriais, no lobo occipital. Os antecedentes de fatores de risco foram significativos, sendo familiares com epilepsia o mais marcante. Os exames neurológicos foram normais na maioria dos pacientes, porém apresentavam alterações, quando a lesão encefálica era extensa. A maioria dos pacientes apresentou CPS, CPC e CTCG. Não houve diferença significativa entre os grupos, em relação à freqüência das crises. A RM foi muito mais fidedigna na detecção das patologias em relação à TC. A EMT só foi diagnosticada nas imagens de RM. A assimetria ventricular lateral foi um achado secundário importante. A patologia dupla ocorreu em 6% dos pacientes. Na análise convencional usando filmes radiográficos, 20% dos exames foram considerados normais e 80% alterados, com 71 % de diagnóstico etiológico. Em contraste, a análise na estação de trabalho com reconstrução multiplanar com cortes de 1mm, demonstrou o diagnóstico etiológico em 94% dos pacientes. Houve significativa correlação e concordância entre RM, semiologia e EEG, nas lesões encefálicas extensas. Quando a RM convencional não apresenta alterações em pacientes com epilepsia parcial de difícil controle, é fundamental a aquisição de imagem com cortes finos e análise com reconstrução multiplanar

ASSUNTO(S)

ressonancia magnetica epilepsia - diagnostico

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