Análise da influência da variação espacial da oferta de um modo de transporte público urbano no comportamento de viagem de seus usuários

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O objetivo principal do presente estudo é desenvolver uma metodologia com base na Abordagem Baseada em Atividades, que permita identificar se a variação espacial da oferta de um modo de Transporte Público Urbano (TPU) influencia o comportamento de viagens de seus usuários. A metodologia compreende as seguintes etapas: (1) delilimitação da área de estudo, que invariavelmente apresenta a oferta de modos de TPU e a variação espacial de pelo menos um; (2) identificação das variáveis; (3) coleta de dados; (4) montagem do banco de dados; (5) obtenção de padrões de viagens encadeadas - PVEs - com base nos padrões de deslocamento - PDs; (6) resultados, características socieoconômicas e domiciliares, elipses de deslocamento e centróides; e, (7) análise dos resultados. Essa foi aplicada no Plano Piloto de Brasília/DF numa porção que apresenta a variação espacial de um modo de TPU, presença de metrô, as Avenidas W3 Norte (sem o metrô) e W3 Sul (próximo ao metrô). Constatou-se que os entrevistados são em sua maioria do sexo feminino, entre 21 e 30 anos, solteiros, ensino médio completo, sem posse de veículo, renda de 1 a 2 salários mínimos, prestadores de serviços e que não realizam atividades secundárias. No que tange as características domiciliares, foram verificadas 2 divergências: (1) quanto ao local de moradia (os entrevistados da W3 Sul residem em sua maioria em Santa Maria e os da W3 Norte em Ceilândia); e, (2) quantidade de pessoas no domicílio (os domicílios dos entrevistados da W3 Sul possuem de 4 a 5 moradores, enquanto da W3 Norte 2 ou 3), mas no geral são filhos, sem crianças no domicílio e apenas 2,9% dos usuários não utilizaram o metrô. Por meio da codificação e associação do motivo e modo de transporte, foi possível obter PDs dos usuários, sendo o predominante o R1T1R (viagem pendular de ônibus, com início e fim na residência e motivo principal trabalho). Os PDs foram classificados em PVEs, associados à codificação referente à renda, sendo o BT3 (viagens pendulares, motivo principal trabalho e renda de 1 a dois salários mínimos) o PVE que representa comportamento de viagem predominante entre os usuários de TPU entrevistados. Com auxílio de um Sistema de Informações Geográficas, o PVE BT3 foi mapeado, espacializados os pontos de origens, de pesquisa e de local de atividade principal de cada indivíduo, e, com base nesses pontos, foram geradas elipses de deslocamento e seus centróides (ponto médio entre as origens e a atividade principal). Constatou-se que os usuários entrevistados na W3 Norte apresentaram em sua maioria elipses de forma estreita concentradas no Plano Piloto, apontando principalmente para o Noroeste, Sudeste, Sul do Plano Piloto e São Sebastião, e centróides concentrados principalmente ao sul da Asa Sul, SIA/SAAN. Já os entrevistados da W3 Sul apresentaram elipses concentradas a Sudoeste do Plano Piloto, em sua maioria de forma estreita, apontando principalmente para o Sul e Sudoeste do Plano Piloto, com centróides concentrados principalmente ao próximo ao Guará. Em ambos os casos, a variação da elipse em relação ao deslocamento significa grandes distâncias entre o ponto de origem e o ponto de pesquisa, e esse mais próximo a atividade principal, e o centróide o ponto de maior possibilidade de encontrar o indivíduo se deslocando, considerando a sua origem e atividade principal. Portanto, esses usuários têm um grande consumo de espaço e tempo para chegar a sua atividade principal. Conclui-se que a variação espacial do modo metrô não influenciou o comportamento de viagens dos usuários de TPU do Distrito Federal, acredita-se, que este fato e a pouca utilização do metrô por parte desses usuários seja em função ausência de integração física, tarifária e operacional desse modo de TPU com os outros modos de transportes. Por permitir o alcance do objetivo principal, a metodologia demonstrou-se ser promissora, contudo, ainda necessita de estudos mais aprofundados, principalmente no que tange a realidade brasileira.

ASSUNTO(S)

engenharia de transportes viagens baseadas em atividades transporte público urbano comportamento de viagens

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