ANÁLISE DA ICTIOFAUNA ACOMPANHANTE E CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA PESCA ARTESANAL DO CAMARÃO SETE-BARBAS EM PORTO BELO, SC

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

17/02/2012

RESUMO

A pesca artesanal dirigida ao camarão sete-barbas é realizada no litoral catarinense desde 1960, sempre pelo método de arrasto motorizado com portas, onde gera emprego, renda e mantém viva a tradição cultural açoriana. Com o objetivo de analisar a ictiofauna acompanhante e caracterizar socioeconomicamente a pesca artesanal do camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri) no município de Porto Belo/SC foram efetuados sazonalmente, dois arrastos por isóbata (10-20-30m) entre novembro/2009 e agosto/2010, duração de 20 min/cada, velocidade média dois nós, registrados temperaturas e salinidades da água (superfície/fundo) e, coletados sedimentos. Foram aplicados 31 questionários aos pescadores nos locais de trabalho, lazer, associações e residências entre julho 2010/2011. Os parâmetros abióticos oscilaram nas estações do ano/isóbatas. As capturas somaram 10868 peixes (208,34 kg), distribuídos em 31 famílias e 62 espécies, dessas 33 apresentaram ocorrência ocasional, com uma proporção peixe/camarão sete-barbas de 5,19/1kg. A família com maior contribuição foi Sciaenidae (86,13%), seguida de Batrachoididae (2,70%), Trichiuridae (2,44%), Pristigasteridae (1,91%), Cynoglossidae (1,09%) e Carangidae (0,98%). Os índices de riqueza, diversidade e equitabilidade apresentaram padrões semelhantes de flutuações, com os maiores valores na primavera em 30m e menores no inverno nos 20. A análise de Cluster formou quatro agrupamentos, sendo um deles, pequeno e dominante de Sciaenidae Stellifer brasiliensis, S. rastrifer, Paralonchurus brasiliensis, Isopisthus parvipinnis e Larimus breviceps. Todos os pescadores entrevistados são catarinenses, nativos de Porto Belo (87,1%), idade entre 28-63 anos, casados (80,6%), com 1 grau incompleto (61,3%), cerca de 65% com mais de 30 anos na atividade, com casa própria munida de rede elétrica e água tratada, geralmente, associados a Colônia de pesca. Utilizam como equipamentos, embarcações próprias (93,5%), comprimento 7-11,5m, com casaria (83,9%), motor Yanmar 18HP (61,3%), redes de 5-7 braças (90,3%), com malhas de 3-4mm (58,1%) e, manutenção dos barcos uma a duas vezes/ano. Pescam em um amplo território, entre São Francisco do Sul (norte) e Florianópolis (sul). Normalmente, a jornada de trabalho varia de 10-14h/dia, 4-6 dias/semana (80,6%), entre 6-8 meses/ano, em profundidades de 2-33m, não possuem ajudantes e todos conhecem a época de defeso. A captura mínima de camarões está entre 0,5-10 kg/dia e a máxima 230-1200 kg/dia, sendo conservados em gelo e vendidos após desembarque para atravessadores e peixarias à R$ 2,80-5,00/kg, obtendo uma renda bruta mensal entre 1-2 salários mínimos (67,7%). Os peixes aproveitados são Paralonchurus brasiliensis, Stellifer rastrifer e Micropogonia furnieri, maioria vendidos entre R$ 0,50-1,00/kg e ou doados a vizinhos. Os exemplares jovens dessas espécies e de outras, com pouco ou sem valor comercial, camarões miúdos e demais macroinvertebrados acompanhantes capturados são descartados ao mar, geralmente mortos. Além do impacto nas cadeias tróficas, essa prática contínua, pode agravar ainda mais a situação do pescador artesanal com o declínio desses recursos nas capturas futuras. Portanto, há necessidade de elaboração e aplicação de programas que permitam o manejo sustentável da pesca de arrasto artesanal, nessa importante comunidade pesqueira de SC

ASSUNTO(S)

pescadores artesanais peixes demersais fauna acompanhante ecologia de ecossistemas ictiofauna traditional fishing demersal fish bycath socioeconomic aspects seabob shrimp

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