Analise citogenetica e biometrica de exemplares mantidos em cativeiro de especies de Ramphastidae (Piciformes, aves)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

A ausência de dimorfismo sexual na maioria das espécies da família Ramphastidae levou alguns autores (DUARTE e BARBOSA, 1990 e HOFLING, 1991) a realizar estudos correlacionando dados biométricos com o sexo de exemplares de algumas espécies. A partir destas investigações puderam concluir que existem determinadas características fenotípicas que se relacionavam com o sexo de machos ou fêmeas, porém estes estudos foram realizados em exemplares taxidermizados ou peças de coleções de museus onde o grau de confiança na informação do sexo nos registros desses materiais não é de 100%. Muitos criadores de aves silvestres acreditam haver diferenças sexuais relacionadas com algumas medidas de bico entre exemplares da espécie Ramphastos toco. Neste estudo foram sexados cito geneticamente 51 exemplares (25 machos e 26 fêmeas) de R. toco e analisados 11 caracteres biométricos. A análise estatística, feita a partir da Função Discriminante Linear (F.D.L.), permitiu verificar diferença significativa entre os sexos com relação às medidas de comprimento do cúlmem, comprimento do tômio, comprimento do bico inferior e abertura de cloaca (dada pela distância entre as extremidades do osso púbis). O conjunto das 11 variáveis indicou F(x) significante em nível de 5%. A equação discriminante obtida indicou os valores de F(x) para machos e fêmeas. A aplicação da equação na sexagem dos exemplares indicou uma taxa de erro de 4,5% para os machos e 13,8% para as fêmeas. A mesma análise foi feita a partir de 20 exemplares (nove machos e 11 fêmeas) de R. dicolorus, onde 10 variáveis foram analisadas. Destas, mostraram-se discriminantes de sexo as mesmas variáveis citadas para R. toco. Porém, considerando-se o conjunto das 10 variáveis analisadas, a F(x) obtida não indicou diferença significativa, com p >0,05, provavelmente devido à baixa amostragem. A equação de F.D.L. indicou valores de F(x) para machos e fêmeas, permitindo a identificação do sexo. A aplicaçã9 da equação aos exemplares indicou uma taxa de erro de 0,0% para machos e de 8,3% para fêmeas. Portanto, provavelmente, a porcentagem de machos com medidas tão pequenas que os confundam com fêmeas, é menor que a porcentagem de fêmeas com medidas maiores que as confundam com machos. Até o presente havia sido descrito o cariótipo de apenas uma espécie da família Ramphastidae, R. toco. Os cariótipos de outras nove espécies da mesma família foram determinados e apresentaram, como características em comun, a presença de pelo menos 10 macrocromossomos autossômicos telocêntricos e muitos microcromossomos que variam em número entre as diferentes espécies. Em todas estas espécies o cromossomo sexual Z é subtelocêntrico e o W é um microcromossomo que se confunde com os demais. Com base na morfologia cromossômica dos macrocromossomos autossômicos, estas espécies foram divididas em três grupos: as espécies Ramphastos dicolorus, R. ariel, R. vitellinus e R. ucanus cuvieri, portadoras de dois pares de cromossomos metacêntricos autossômicos (10 e 70 pares); as espécies R. toco, Baillonius bailloni, Selenidera maculirostris, Pteroglossus castanotis e P. aracari, portadoras de apenas um par de cromossomos metacêntricos (10 par) e a espécie Andigena laminirostris na qual todos os cromossomos autossômicos são telocêntricos. Os dados cariológicos obtidos neste trabalho permitem supor que provavelmente R. toco bem como as espécies dos gêneros Baillonius, Pteroglossus e Selenidera tenham mantido um padrão cromossômico mais próximo do ancestral, o que está em desacordo com o dendograma proposto por HAFFER (1974). Nas espécies Ramphastos dicolorus, R. ariel, R. vitellinus e R. tucanus cuvieri pode ter ocorrido uma translocação do tipo fusão cêntrica que teria originado um cromossomo metacêntrico e translocações in tandem teriam reduzido o número diplóide dos cariótipos atuais. É possível que A. Laminirostris tenha se diferenciado das demais espécies da família pela presença de uma fissão cêntrica no 10 par cromossômico

ASSUNTO(S)

biometria animais citogenetica cariotipos

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