Adaptação de um Índice de Integridade Biótica para igarapés da Amazônia Central, com base em atributos ecológicos da comunidade de peixes

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

23/05/2007

RESUMO

A área do Distrito Agropecuário da Superintendência da Zona Franca de Manaus está inserida em uma região da Amazônia Central que abriga grande diversidade biológica e de ecossistemas, e está sofrendo impactos ambientais decorrentes da expansão da cidade de Manaus. Dessa forma, conhecer a ictiofauna de igarapés de terra-firme da região e adaptar um Índice de Integridade Biótica (IIB), podem auxiliar na identificação de impactos em curso e na prevenção da degradação de ambientes aquáticos, além de contribuir para a elaboração de estratégias de conservação e recuperação de áreas degradadas. As amostragens foram realizadas entre os meses de abril e agosto de 2004 em 30 igarapés de 1 e 2 ordens (Cuieiras n = 11; Tarumã n = 6; Preto da Eva n = 6 e Urubu n = 7) em trechos de 50 m dos igarapés. Os peixes foram capturados com puçás, peneiras e redes de arrasto. Foram registradas informações sobre o ambiente e algumas variáveis físico-químicas da água para caracterizar a heterogeneidade natural do ambiente, bem como eventuais modificações produzidas por ações antrópicas. Foram capturados 2674 exemplares de peixes, pertencentes a 87 espécies, 22 famílias e seis ordens. Characiformes foi o grupo que apresentou a maior riqueza (39 espécies), representando 67% do total de exemplares coletados, seguido de Siluriformes com 17 espécies, Perciformes (14), Gymnotiformes (12), Synbranchiformes (3) e Cyprinodontiformes (3). Apesar de Cyprinodontiformes apresentar somente três espécies, foi a segunda em abundância com 11,4% dos exemplares, seguida dos Perciformes (8,6%), Gymnotiformes (6,9%), Siluriformes (5,3%) e Synbranchiformes (0,7%). As variáveis ambientais foram analisadas através de uma PCA (Análise de Componentes Principais) juntamente com um protocolo ambiental (IIA) para verificar a relação do IIB com as características ambientais. Os dados da abundância da comunidade de peixes foram sumarizados com um Escalonamento Multidimensional Não-métrico (NMDS) para verificar as relações com o IIB. O IIB apresentou correlação significativa somente com o eixo 1 da PCA (Pearson, r = -0,62; p <0,001), com os resultados do IIA (Pearson, r = -0,63; p <0,001) e com a composição de espécies de peixes (eixo 1 da NMDS; Pearson, r = 0,48; p = 0,007). A aplicação do Índice de Integridade Biótica produziu alguns resultados discrepantes, com valores baixos para igarapés supostamente livres de impactos, e altos para certos igarapés com indícios de alterações ambientais. A despeito dessas inconsistências, os valores do IIB foram significativamente diferentes entre os igarapés íntegros e alterados (U = 145; p = 0,012). Apesar de o IIB estar sendo adaptado com grande sucesso em diversas regiões do mundo, precisa ser avaliado com cautela para a Amazônia Central. As características do ambiente e a grande diversidade de espécies encontradas na região tornam a adaptação do índice um pouco mais complexa, e serão necessárias mais informações para estabelecer e refinar medidas mais adequadas e consistentes.

ASSUNTO(S)

riqueza de espécies heterogeneidade de habitats igarapés de terra-firme alterações antrópicas ecologia

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