Acesso venoso central percutâneo , via veia jugular externa, pela técnica de Seldinger em crianças: é imprescindível a inserção do fio guia até a veia cava superior para o sucesso do cateterismo?

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/03/2010

RESUMO

O cateterismo venoso central é um procedimento frequentemente necessário para administração de medicamentos, hemoderivados e nutrição parenteral em crianças hospitalizadas. Tradicionalmente é realizado através da punção de veias profundas (subclávia, jugular interna ou femoral) pela técnica de Seldinger ou por dissecção venosa. Apesar de imprescindível em diversas situações clínicas, pode associar-se a significativa morbidade. A veia jugular externa (VJE) é uma via alternativa com baixa morbidade para realização do cateterismo venoso central percutâneo (CVCP) em crianças, porém, na literatura médica, apresenta baixas taxas de sucesso o que torna este sítio de punção pouco usado na rotina do cirurgião pediátrico. Uma modificação técnica durante a realização do CVCP, via VJE, é proposta com intuito de aumentar a efetividade deste procedimento em crianças. Na modificação técnica proposta, após a punção da VJE, o fio guia que encontrar resistência no trajeto em direção à veia cava superior (VCS) é mantido na veia e por ele é introduzido o cateter até a posição central. O objetivo deste estudo foi descrever esta modificação técnica e avaliar a sua efetividade durante o CVCP pela técnica de Seldinger, via VJE, em crianças. Trata-se de estudo prospectivo, em 100 crianças (60 meninos e 40 meninas), com idade entre dois dias e 17 anos (média de 5,6 ± 4,6 anos) e peso entre 2,2 e 58 kg (média de 18 ± 12,5 kg), submetidas à CVCP entre maio de 2008 e junho de 2009. O CVCP pela técnica de Seldinger, com a introdução do fio guia até a VCS (ETAPA 1) foi opção inicial em todos os casos, e proporcionou uma taxa de sucesso de 13% e mau posicionamento do cateter em dois casos (15,6%). Em 87 crianças foi realizado o CVCP, com o fio guia em posição periférica (ETAPA 2). Nesta etapa, a taxa de sucesso foi de 96,6% (84 casos), com mau posicionamento do cateter em 10 casos (13,7%). Houve diferença estatística significativa entre as taxas de sucesso das duas etapas (p=0,039). Não houve diferença estatística significativa na freqüência de cateteres posicionados incorretamente entre as etapas. Após o controle radiográfico, 85 cateteres (87,6%) estavam posicionados adequadamente na VCS. Ocorreram sete (7,2%) hematomas durantes os cateterismos, sem repercussão clínica. A VJE é uma excelente alternativa para realização do CVCP pela té cnica de Seldinger em crianças. A modificação técnica proposta possibilitou aumentar significativamente a taxa de sucesso do CVCP através desta veia. O CVCP pela técnica de Seldinger, via VJE, com o fio guia em posição periférica é uma opção segura e eficaz para a obtenção do acesso venoso central percutâneo em crianças. Portanto, a inserção do fio guia até a VCS não é imprescindível para realização do CVCP com sucesso por esta via

ASSUNTO(S)

cateterismo venoso central/tendências decs veias jugulares decs pediatria teses. cateterismo venoso central/métodos decs efetividade decs estudos prospectivos decs. criança teses.

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