Aborto e saúde sexual e reprodutiva entre dependentes químicas brasileiras

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Saúde Pública

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/11/2017

RESUMO

Resumo: O aborto é uma questão altamente sensível e com relevância para a saúde pública. Entretanto, poucos estudos clínicos ou populacionais já examinaram o aborto provocado em usuárias de drogas. O estudo tem como objetivo avaliar a prevalência de aborto provocado e condições sexuais em uma amostra de usuárias hospitalizadas. Foi realizado um estudo transversal em uma unidade hospitalar para tratamento de dependência química em São Paulo, Brasil, com uma amostra de 616 pacientes entre 18 e 75 anos de idade. Foram avaliados dados sóciodemográficos, comportamento sexual e gravidade da dependência química e a associação com o aborto provocado. Entre as próprias usuárias e seus parceiros masculinos, 27% relataram história de aborto. A média de idade era 34,6±10.9 anos, 34,9% tinham diagnóstico de dependência alcoólica grave, 33% tinham diagnóstico de níveis graves de outras dependências química, 69,6% usavam cocaína (inalada e/ou fumada) e álcool era a droga de escolha para 30,4% da amostra. Quando comparadas aos parceiros masculinos, as mulheres relatavam chances mais elevadas nos seguintes itens: história de aborto (OR = 2,9; IC95%: 1,75-4,76), falta de uso de preservativo (OR = 1,7; IC95%: 1,09-2,75), história de DSTs (OR = 2,0; IC95%: 1,35-3,23) e uso da pílula do dia seguinte (OR = 3,2; IC95%: 1,29-5,73). Os pacientes com dependência de álcool e outras drogas apresentam comportamentos de alto risco para uso nulo ou esporádico de preservativos, contribuindo para a gravidez não planejada e o aborto provocado, fazendo com que essa população vulnerável seja um grupo que merece atenção especial nos programas de prevenção em saúde sexual e nos esforços de promoção da saúde para a redução do aborto provocado.

ASSUNTO(S)

aborto saúde sexual e reprodutiva usuários de drogas transtornos relacionados ao uso de substâncias políticas públicas

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