A trajetória do médico no programa saúde da família: um olhar sobre o sujeito.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1953

RESUMO

O Programa Saúde da Família é implantado pelo Ministério da Saúde nos municípios brasileiros, como uma estratégia de reorganizar a assistência a saúde, a partir da Atenção Básica. Ao serem inseridos nas equipes, indaga-se como os médicos percebem as mudanças exigidas em uma nova prática, considerando pressupostos e aspectos conceituais do programa. A questão principal seria identificar o que facilita e dificulta as transformações da prática médica, a partir de motivações, de saberes, de ambientes e relações. A pesquisa utiliza o estudo de caso, através histórias de vida circunscrita a profissão, de cinco médicos do PSF, de um município do Nordeste do Brasil. Os marcos principais de suas trajetórias são a escolha da profissão, o processo de formação profissional, a inserção no mercado de trabalho e no PSF. O conhecimento médico está inserido em um processo de construção do pensamento e desenvolvimento da humanidade, em contextos sociais, culturais, econômicos e políticos, determinantes das relações e das práticas nos serviços de saúde. Utilizando com referencial os estudos que circunscrevem características da medicina liberal, da medicina tecnológica e das práticas tradicionais dos serviços de saúde, procurou-se entender, o que ocorre nas práticas do médico do PSF. Os dados mostram os médicos como produtos de uma formação biomédica, que, ao negar a determinação social da doença, nega, também, os seres sociais envolvidos no processo de cura e manutenção da saúde. O PSF é um mercado de trabalho, onde o médico como um sujeito social, agindo sobre classes sociais distintas, realiza uma prática entre um saber clínico, legitimado socialmente e as ações programáticas típicas das prescrições de caráter sanitário. Executando consultas e visitas, procuram resolver problemas de saúde da população e assumir a função de autoridade sanitária dos territórios onde atuam. Sentem dificuldade em trabalhar como agentes de uma política de saúde e em criar propostas coerentes e negociadas. Os resultados apontam que o PSF parece ser um locus potencial de construção de um modelo assistencial público universal, onde os médicos, como sujeitos detentores de um saber e fazer, podem ser capazes de ressignificar uma prática que se afastou da dimensão humana e social.

ASSUNTO(S)

autonomia do trabalho médico saude coletiva saúde da família prática médica

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