A SEXUALIDADE DAS MULHERES ATENDIDAS NO PSF: uma produção sociopoética / A SEXUALIDADE DAS MULHERES ATENDIDAS NO PSF: uma produção sociopoética

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O conceito de promoção da saúde traz como discussão à importância da capacitação da comunidade para atuar nas melhorias das condições de vida e enfatiza a qualidade de vida como a satisfação das necessidades da mesma. Além disso, a saúde como qualidade de vida é uma proposta de caráter interdisciplinar e propõe o rompimento com o antigo modelo assistencial biomédico que enfatiza a cura e não a promoção. Desta forma, podemos ressaltar a sexualidade como um dos elementos que interferem na qualidade de vida, pois a mesma está além do domínio biológico, integrando os aspectos psíquicos, emocionais e sociais do sujeito. Nessa perspectiva, a sexualidade está integralmente presente na vida das pessoas e passa a constituir um dos aspectos importantes das ações de promoção da saúde e uma melhoria da qualidade de vida de uma população. Na abordagem da saúde da mulher, percebemos que as políticas de atenção têm enfatizado o aspecto biológico e reprodutor do corpo feminino. Entretanto, ainda não percebemos que haja uma preocupação em valorizar as questões afetivas, emocionais e sociais das pessoas atendidas, acolhendo suas diferenças e permitindo um contato sem necessariamente estar reduzido às ações programáticas de saúde. Desta forma, resolvemos desenvolver um estudo com o objetivo de possibilitar a construção do conceito de sexualidade na visão das mulheres atendidas numa unidade de saúde da família. Para que isso fosse possível, criamos espaços na unidade de saúde que propiciassem a autoanálise do conceito de sexualidade apresentado pelas mesmas. Como metodologia, resolvemos utilizar o método da sociopoética, pois a mesma propõe a produção de dados a partir dos sujeitos envolvidos na pesquisa. Neste método, são respeitados as diferenças, apoiadas às trocas de experiências, e valorizados aspectos da criatividade, intuição e emoções, para que possamos construir novos saberes. Estes processos são denominados como criação de confetos. Realizamos cinco oficinas. Dentre estas o conceito de sexualidade ligada ao companheiro, à relação sexual, o diálogo entre ambos e a aparência no convívio do casal foram inicialmente muito presentes. Com o decorrer dos encontros, o conceito de sexualidade começou a ser multiplicado, mostrando que a sexualidade também abrange o corpo, o simbólico, a afetividade, a descoberta individual, o prazer, a maternidade e até mesmo uma sexualidade animal. Estas passagens nos reportam ao fato de que o conceito de sexualidade foi ampliado, levado para uma dimensão mais complexa. Durante as oficinas de análise e contra-análise da pesquisa, o grupo referiu a importância de disponibilizar atividades na unidade de saúde que fossem direcionadas à escutá-las, pois estas ações serviam como terapias para as mesmas. Foi salientada a descoberta, pelo próprio grupo, de que elas também possuíam saberes. Assim sendo, percebemos a necessidade de questionarmos a política de saúde pública, que ainda coloca a saúde em pacotes direcionados ao corpo biológico, desprezando o corpo psíquico. Ressaltamos também a importância da sensibilização do profissional de saúde para os aspectos oriundos do corpo psíquico e para o desenvolvimento da escuta sensível de si próprio e do outro. Percebemos também que nossa pesquisa foi o passo inicial para continuarmos a desenvolver outras oficinas e rabalharmos temas escolhidos pelo grupo-pesquisador.

ASSUNTO(S)

enfermagem em saúde comunitária community health nursing sexualidade enfermagem sexuality

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