A saña no ideal cavaleiresco ibérico do final da idade média a partir da novela "O Amadis de Gaula"

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A Igreja cristã classificou a ira, e os atos coléricos em geral, como pecados, ao menos até o séc. XIII, quando os Sete Pecados Capitais deixaram de fazer parte da doutrina oficial. Mas aquela classificação cristalizou-se no imaginário medieval e continuou a ser utilizada. Ao mesmo tempo, o ideal cavaleiresco exalta atos de bravura, de provação e o uso da violência muitas vezes com sentido contrário ao que a Igreja prescrevia, encontrando nas novelas de cavalaria um meio de livre difusão. Na Península Ibérica do final da Idade Média, que se destaca pela produção monástica de uma literatura dedicada à compreensão dos pecados e à confissão, é possível conceber diferença tão acentuada? O objetivo proposto neste trabalho é refletir sobre como atos de ira – ou saña, ou ainda loucura furiosa – aparecem retratados na literatura novelesca ibérica entre os séculos XV e XVI, sobretudo em “O Amadís de Gaula” escrito por Garci-Ordoñez de Montalvo, cuja primeira versão conhecida foi impressa em Saragoça no ano de 1508. Trata-se de verificar quais valores, concepções e reminiscências estariam ligados aos atos coléricos naquela importante novela de cavalaria, como literatura ficcional e representação que refrata o ideal cavaleiresco, expondo nas tramas e ações de personagens como Amadís, Gandalin, Lisuarte, Arcaláus e Oriana uma maneira particular de entender a ira, não necessariamente arraigada às concepções eclesiásticas ou à idéia de pecado, mas própria do grupo social que originou o romance.

ASSUNTO(S)

ira literatura e história idade média

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