A RECEPÇÃO DE FREGE DA NOÇÃO KANTIANA DE EXISTÊNCIA / FREGES RECEPTION OF THE KANTIAN NOTION OF EXISTENCE

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo da relação entre duas célebres abordagens do conceito de existência. A primeira, apresentada por Kant, exclui o conceito de existência do conjunto dos possíveis predicados ou propriedades de objetos. A segunda, apresentada mais tarde por Frege, trata o conceito de existência como um predicado de nível superior, i.e., apresenta o conceito como um predicado de predicados, e não como um conceito que se aplica diretamente a objetos. Apesar de ambas abordagens se parecerem muito entre si, um estudo mais aprofundado de ambas servirá para mostrar que a diferença entre os sistemas teóricos em que se inserem, bem como entre os objetivos que visavam, sugerem que seria precipitado identificá-las. Tentar-se-á mostrar, neste trabalho, que Kant desenvolve suas concepções a respeito deste conceito num contexto epistemológico, tendo em vista, como fica claro na sua opus magnum, garantir o requisito de que todo conhecimento deve ter, além do elemento conceitual, também uma contraparte advinda da intuição. Frege, por sua vez, apresenta suas teses a respeito do tema dentro de um contexto basicamente lógico, onde se fazia necessária uma rigorização do tratamento das expressões que compõem a linguagem. O objetivo do presente trabalho consiste em estudar a abordagem de cada autor separadamente, e, em seguida, comparar as duas abordagens a fim de mostrar se existem diferenças significativas entre as caracterizações que ambos deram ao conceito de existência, e, em caso positivo, mostrar quais seriam estas diferenças. Dentre os principais resultados a que se chegou, destacam-se as diferenças que as posições dos autores possuem; diferenças sugeridas pela diferenciação entre os contextos de apresentação da temática nos dois autores. Também se destaca a equivalência das teses de ambos em alguns aspectos, como por exemplo, a tese segundo a qual o conceito de existência não se encontra entre os conceitos que podem servir para caracterizar um objeto, ou a alegação de que os enunciados existenciais constituem um tipo único de juízo, cuja aparência nas linguagens naturais sugere uma leitura errônea dos mesmos. Deve-se mencionar, por outro lado, a diferença significativa de posições de Kant e Frege em outros aspectos, como no que tange à possibilidade de se derivar existência por meio de análise conceitual, possibilidade negada categoricamente por Kant e admitida, com algumas ressalvas, por Frege. Por fim, destaca-se a possibilidade de se interpretar as teses de Frege como um aperfeiçoamento, mas não como uma mera repetição, das teses de Kant.

ASSUNTO(S)

being predicado de nível superior existência existence predicado real filosofia real predicate existential judgements juízos existenciais ser higher-level predicate

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