A pobreza na Bahia sob o prisma multidimensional: uma análise baseada na abordagem das necessidades básicas e na abordagem das capacitações

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta dissertação analisa a pobreza no estado da Bahia, sob o enfoque multidimensional de estudo da pobreza, enfatizando a necessidade de se ampliar o foco de investigação para além da insuficiência de renda e de se considerar a multidimensionalidade da pobreza na elaboração das políticas que objetivem o seu combate. Para isso, discute, inicialmente, a trajetória evolutiva do estudo da pobreza, dando destaque ao predomínio da abordagem unidimensional monetária nos trabalhos sobre a pobreza no Brasil e na Bahia. Posteriormente, realiza uma análise empírica da pobreza na Bahia nos anos 1995, 2001 e 2006, fundamentada em duas abordagens multidimensionais de estudo da pobreza: a abordagem das necessidades básicas e a abordagem das capacitações. A partir dos conceitos empregados por estas abordagens, define a pobreza como a insatisfação das necessidades humanas básicas que priva o indivíduo de desenvolver e expandir as suas capacitações. A metodologia empregada na análise empírica consiste em aplicar o método multivariado da Análise de Correspondências Múltiplas no cálculo de um indicador multidimensional de pobreza (IMP) por unidade da população analisada. Este indicador é composto por um conjunto de variáveis qualitativas, denominadas de indicadores primários de privação. Os resultados da aplicação desse método também permitem estabelecer uma linha de pobreza multidimensional, utilizada como critério de identificação da pobreza. Com base nesta linha de pobreza e no indicador, foi possível calcular os tradicionais índices de pobreza FGT(0), FGT(1) e FGT(2) e, então, mensurar a pobreza na Bahia. Os resultados demonstram que a proporção de pobres era elevada, principalmente entre a população rural, mas que essa proporção diminuiu entre os anos 1995 e 2006, exceto na área metropolitana. Entre os indivíduos considerados pobres, a pobreza era mais intensa e mais severa na área rural. A decomposição da pobreza por cor ou raça e por tipo de família apontou que os indivíduos de cor preta ou parda, bem como as famílias do tipo mãe com filhos menores de 14 anos, apresentavam maior risco de pobreza. A decomposição por sexo não mostrou diferenças significativas entre homens e mulheres quanto à extensão e ao risco de pobreza. Com relação às áreas censitárias, os municípios menos populosos eram os que possuíam maior percentual de pobres. Quando comparada com a pobreza por renda, a pobreza multidimensional se apresentava mais elevada (anos 2001 e 2006) e estável. Enquanto nesta primeira houve uma queda expressiva no período 1995/2006, a diminuição ocorrida na segunda foi bem menos significativa. Assim, ao se concentrar as análises apenas na insuficiência de renda, não se torna possível investigar os outros tipos de privações que atingem a população baiana. Mesmo que no período analisado se identifiquem melhorias nos indicadores primários, as condições de vida desta população ainda estavam longe do que poderia ser considerada uma situação adequada, revelando que uma parcela significativa da população baiana não tinha suas necessidades básicas satisfeitas. Ademais, o conjunto de privações não pode ser desconsiderado no planejamento e execução das políticas de combate à pobreza, pois, do contrário, se compromete a eficácia de tais políticas.

ASSUNTO(S)

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