A organização do trabalho, prazer e sofrimento da enfermagem : estudo de caso em uma unidade de internação hospitalar

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2012

RESUMO

A presente investigação teve por objetivo compreender, a partir do referencial teórico da psicodinâmica do trabalho, a relação entre a organização do trabalho e o prazer e/ou sofrimento da equipe de enfermagem de uma unidade de internação adulto de um hospital público de ensino. Realizou-se um estudo com abordagem qualitativa que seguiu os pressupostos metodológicos de estudo de caso. Utilizou-se as técnicas de pesquisa entrevista, observação e pesquisa documental dos últimos doze meses que antecederam as entrevistas. A coleta de dados foi realizada no período entre maio e junho de 2011. Entrevistou-se 18 sujeitos (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem) selecionados intencionalmente, cujo número foi definido por saturação dos dados. Nas observações acompanhou-se o trabalho da equipe de enfermagem em todos os turnos priorizando os aspectos da organização do trabalho e os comportamentos dos profissionais com os colegas, pacientes e familiares ou outros profissionais. Para a organização dos dados o conteúdo das entrevistas foi submetido a análise temática. Após, realizou-se a triangulação das informações das entrevistas, das observações e da pesquisa documental, sendo analisadas sob o referencial teórico da psicodinâmica do trabalho. Obteve-se a aprovação do comitê de ética em Pesquisa do Hospital Nossa Senhora da Conceição de Porto Alegre/RS (nº 11-014). Os entrevistados tinham idade entre 22 e 60 anos (média de 35 anos), com média de tempo de trabalho na unidade de 6,76 anos. Do tratamento dos dados emergiram cinco categorias: a organização do trabalho na unidade, fatores de prazer no trabalho, fatores de sofrimento no trabalho, estratégias de enfrentamento do sofrimento e sugestões de melhorias. A primeira categoria revelou aspectos da organização do trabalho relacionados à fragmentação do trabalho, a imprevisibilidade e a sobrecarga do trabalho. A segunda categoria apresentou o trabalho em equipe e a melhora do paciente resultante do trabalho bem feito como fatos geradores de prazer no trabalho para esses trabalhadores. A terceira categoria contemplou sentimentos e situações referentes à morte e/ou mau prognóstico do paciente, a falta de reconhecimento do trabalho da enfermagem pelos pacientes, familiares e pela própria chefia, o medo do erro e o sentimento de impotência. A quarta categoria apontou o trabalho em equipe e as estratégias de enfrentamento individuais e coletivas como fundamentais no enfrentamento do sofrimento no trabalho. A quinta e última categoria surgiu a partir das sugestões para melhoria do trabalho na unidade, as quais foram referentes a adequação da estrutura física e dimensionamento de pessoal. Verificou-se que o trabalho em equipe da enfermagem ultrapassa os preceitos da convivência em grupo de trabalho, e revela-se como um processo dinâmico permeado por relações afetivas e organizacionais que tem a confiança e a cooperação entre os pares como elementos essenciais. A despeito deste arranjo, houve indicativo da existência de sofrimento entre os participantes do estudo, o que sugere que por vezes as estratégias isoladas das equipes são insuficientes para abarcar a complexidade do trabalho da enfermagem. Assim, ações institucionais voltadas à organização do trabalho e que contemplem a subjetividade do trabalhador poderão ser alternativas viáveis para tentar alterar essa situação.

ASSUNTO(S)

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